Correio dos Campos

Segurança no comércio e na indústria é discutida na ACIPG

Empresários e autoridades discutem maneiras de diminuir assaltos.
19 de junho de 2018 às 16:49

COM ASSESSORIAS – Nesta segunda-feira (18), aconteceu na sede da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG), uma reunião com aproximadamente 50 pessoas, entre elas, empresários do comércio, do Distrito Industrial e representantes da Guarda Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar. O tema do encontro foi a onda de assaltos nos últimos meses e uma suposta falta de policiamento e atendimento das forças de segurança pública neste tipo de ocorrências.

A empresária Sandra Sallum conta que nos últimos 15 dias aconteceram quatro assaltos, entre arrombamento de portas da loja do Calçadão da Rua Coronel Claudio. Ela salienta que pensou até em fechar a rede de lojas de vestuário, com mais de 83 anos de história em Ponta Grossa, devido a falta de segurança. Já Regis de Oliveira Godoy, também empresário do setor, contou que sua loja foi arrombada cinco vezes, no Calçadão, com quebra de vitrine e quebra de portas. “Pensamos na possibilidade de trabalhar com a prevenção, pois quando este tipo de ação se torna rotineira, é necessário pensar em tomar atitudes individuais considerando a ausência do trabalho do estado”, disse Godoy.

Leonardo Puppi Bernardi, do setor da indústria, relata que além da contratação em conjunto de uma empresa de segurança, as empresas contam com um grupo no Whatsapp para auxiliar no controle de ocorrências. No entanto, das vezes que solicitaram o apoio da Guarda Municipal, foi alegado que não tem viatura disponível. “Não podemos contar e as empresas de segurança tem que soltar os marginais, pela falta de atendimento das forças de segurança pública da cidade, que não vão até o local”, disse Bernardi.

A presidente do Conselho Municipal de Segurança (Conseg), Jane Villaca, aponta que as forças policiais estão fazendo o trabalho com excelência dentro das possibilidades. Porém, o sistema prisional em Ponta Grossa é deficitário pela falta de vagas. “O presídio tem 283 vagas e perto de mil pessoas estão presas. Há alguns anos dialogamos com o governo do estado para a construção do Centro de Triagem para a criação de 500 vagas e mais 700 vagas da Casa de Custódia. Atualmente a Polícia prende, mas pela falta de vagas o assaltante é solto”, disse.

O secretário municipal de Cidadania e Segurança Pública, Ary Lovato relatou que a Guarda Municipal conta, em funcionamento, com 28 viaturas ativas e 11 em manutenção veicular. Ele apontou que em 2013, quando foi criada, a Guarda Municipal atendeu 1.100 ocorrências, que em 2017 foram atendidas mais de 5 mil e até agora em 2018, já passam de 3 mil ocorrências. “Trabalhamos muito, nunca prendemos tanta gente. Somos penalizados pela estrutura herdada, através do sucateamento da segurança pública, que hoje, da melhor maneira administramos”, comentou.

Lovato comentou ainda que a instalação de mais câmeras de vigilância, com recursos públicos é mais burocrática, por ser por emendas parlamentares, o que tornaria o processo moroso. No entanto, segundo ele, com parcerias público privadas seria mais rápido de viabilizar. Já em relação a estrutura de pessoal, o secretário disse que a Guarda já trabalha no limite. “A estrutura está esgotada, mesmo com a contratação de 100 guardas recentemente. Porém, continuaremos fazendo o possível para atender os comerciantes”, pondera.

O capitão da PM, Fabian Borges Ogura, relata que foram atendidas em 2017 mais de 36 mil ligações pelo 190, descartando cerca de 8 mil trotes, resultou em mais de 8 mil atendimentos efetivados. Ele relata que ao longo deste ano 190 pessoas foram conduzidas, envolvidas pelo crime de furto e roubo, para a delegacia, entre elas, nove foram encaminhadas 19 vezes. “São soluções paliativas efetuadas pelo estado para desafogar o sistema prisional que está lotado. O problema de segurança pública não é apenas de polícia, é sistêmico. Combatemos o efeito e não a causa” explica.

Ogura reforça a importância de fazer o boletim de ocorrência. Segundo ele, as policias trabalham com a análise criminal e por isso é importante fazer o registro. “Atendemos a demanda conforme ela ocorre, acionar a imprensa ao invés da polícia aumenta a criminalidade”, disse o capitão.

O delegado Danilo Cesto, da Polícia Civil, disse que sempre quando os crimes têm autoria, são tomadas as medidas cabíveis para a responsabilização. Ele ponderou quanto aos comentários dos diversos comerciantes, que pelo perfil dos furtos, remetem a usuário de drogas os crimes no comércio. “Em virtude disso, entendo que seria interessante a participação da Delegacia Regional da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) na reunião. Entendo que não basta investigar apenas o grande tráfico, mas também o varejo, pois é este público que incomoda, com furtos e roubos, no comercio e gera homicídios” explica Cesto.

O presidente da ACIPG, Douglas Taques Fonseca admite que as forças de segurança estão fazendo o que é possível fazer. Porém, entende ser necessário encontrar uma sintonia com o comércio e a indústria para o combate aos furtos. “Esta discussão não termina hoje. Acionaremos o Denarc para analisarmos de que maneira eles podem contribuir, como também, veremos como os empresários podem também colaborar com as forças de segurança”, finaliza o presidente.