Correio dos Campos

Com impacto de Brumadinho, Vale tem prejuízo de R$ 6,6 bilhões em 2019

Desempenho da mineradora em 2019 foi o segundo resultado negativo da empresa registrado nos últimos 20 anos.
21 de fevereiro de 2020 às 09:37
Sede da Vale, no Rio de Janeiro — Foto: Reuters

A Vale informou nesta quinta-feira (20) que registrou prejuízo de R$ 6,672 bilhões no ano passado. O resultado foi influenciado pela tragédia de Brumadinho, que deixou 259 mortos e 11 desaparecidos.

O desempenho da mineradora em 2019 foi o segundo resultado negativo da empresa registrado nos últimos 20 anos. O último prejuízo da empresa foi apurado em 2015. Em 2018, a empresa reportou lucro de R$ 25,657.

A Vale explicou, em relatório, que o prejuízo foi provocado, principalmente, pelas provisões e despesas de reparação relacionadas ao rompimento da barragem de Brumadinho. Veja os principais fatores:

  • Provisões e despesas de reparação do rompimento da Barragem I, incluindo a descaracterização de barragens (R$ 10,3 bilhões) e provisões e despesas incorridas (R$ 18,5 bilhões).
  • Provisões relacionadas à Fundação Renova (R$ 2,0 bilhões).
  • Descaracterização da barragem de Germano (R$ 1,0 bilhão).
  • Baixa contábil nas operações de níquel na Vale Nova Caledônia, devido a problemas de produção e processamento (R$ 10,3 bilhões).
  • Baixa contábil nas operações da mina de Moatizes, em Moçambique (R$ 6,9 bilhões).

Com a tragédia de Brumadinho, a mineradora chegou a perder bilhões em valor de mercado, mas conseguiu recuperar a confiança dos investidores e mitigou boa parte do impacto financeiro da tragédia.

Os investimentos da companhia sofreram uma leve redução no ano passado. Ao todo, somaram US$ 3,704 bilhões, abaixo dos US$ 3,784 bilhões de 2018.

Produção em queda

No ano passado, a produção de minério de ferro da Vale somou 301,97 milhões de toneladas, queda de 21,5% na comparação com 2018, em meio a paradas de produção devido às consequências do rompimento da barragem em Brumadinho (MG).

No quarto trimestre, a mineradora produziu 78,344 milhões de toneladas de minério de ferro, recuo de 22,4% ante o mesmo período de 2018. Já na comparação com o 3º trimestre, a queda foi de 9,6%.

Dívida continuou caindo

O endividamento da companhia continuou caindo em 2019. No ano, a dívida líquida totalizou US$ 4,880 bilhões, uma redução de US$ 4,770 bilhões em comparação com 2018 (US$ 9,650 bilhões). “A redução da dívida líquida deveu-se, principalmente, à forte geração de caixa ao longo do ano”, destaca a companhia, em relatório.

Já a dívida bruta foi de US$ 13,056 bilhões, queda de US$ 2,410 bilhões em relação ao ano anterior, em decorrência do pagamento líquido de dívidas no valor de US$ 2,270 bilhões relacionadas à recompra antecipada de bonds (títulos emitidos pela empresa) durante o ano.

Resultado do quarto trimestre

No quarto trimestre, a empresa reportou prejuízo de R$ 6,408 bilhões. O prejuízo da Vale entre outubro e dezembro é explicado, em parte, pelas despesas com a tragédia de Brumadinho. No quatro trimestre, elas somaram R$ 4,689 bilhões.

No mesmo período, a receita da companhia somou R$ 41,019 bilhões, acima do observado nos três meses imediatamente anteriores (R$ 40,664 bilhões).

Remuneração aos acionistas

Após três dias à tragédia de Brumadinho, o Conselho de Administração da Vale suspendeu a remuneração aos acionistas.

“Em 2019, a Vale registrou uma perda de R$ 6,7 bilhões e, não havendo, portanto, obrigatoriedade de distribuição de remuneração mínima, de acordo com a legislação brasileira”, disse a empresa.

No dia 19 de dezembro de 2019, a Vale aprovou a distribuição de R$ 7,2 bilhões de lucros e dividendos aos seus acionistas. Porém, esse valor só será liberado em “momento oportuno”.

Fonte: G1