Correio dos Campos

Monólogo “Anoiteceu em Mim” enche plateias em Ponta Grossa e provoca reflexão em público

Espetáculo faz parte do projeto Ciclo de Ações Formativas em Teatro e Literatura
15 de maio de 2025 às 08:48
(Foto: Luana Budziak)

COM ASSESSORIAS – O monólogo Anoiteceu em Mim, parte do projeto Ciclo de Ações Formativas em Teatro e Literatura, criado pelo ator e roteirista David Dias, do Grupo Dia de Arte, encheu as plateias em sua passagem por Ponta Grossa. A peça, que explora os dilemas internos de um personagem que se vê confrontado por sentimentos de amor, solidão e a busca por autoconhecimento, teve suas primeiras apresentações nos dias 3 e 4 de maio, no Ceci – Centro de Estudos Cênicos Integrado e no Espaço Dia de Arte, respectivamente. Além dessas, outras duas apresentações fechadas para o público do ensino médio dos colégios estaduais Prof. J. R. Borell du Vernay e João Gomes aconteceram nos dias 5 e 13 de maio, lotando as cadeiras da plateia.

Para Ezequiel Prado, diretor do colégio João Gomes, o contato dos estudantes com o teatro e a cultura pode não apenas gerar a reflexão e a discussão acerca de temas recorrentes à vida, como também incentivá-los a explorar seus talentos artísticos. “Eles são um pouco inibidos. Em relação a se apresentar publicamente, eles ficam bem retraídos. Assistir a uma peça pode criar uma inspiração, porque tem muitos talentos escondidos por aqui”, alega o diretor.

Prado ainda reforça que a arte é agente influenciador na tomada de decisões e na autonomia de adolescentes. “De repente eles se enxergam nesses atores que estão performando. Identificam-se com eles. Principalmente por serem adolescentes, estão em uma fase de tomar muitas decisões em relação aos estudos, ao trabalho, e isso pode abrir horizontes, um pensamento mais amplo”.

Da mesma forma segue a linha de pensamento de David, que, com o espetáculo do último dia 13, concluiu sete apresentações de seu monólogo até agora. “Os alunos e o público em geral que assistiram à peça trouxeram um retorno positivo sobre as reflexões que a dramaturgia propõe. Esperamos que isso aproxime o público da literatura e da arte”, reforça o ator.

“Anoiteceu em Mim” já teve passagem por Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e ainda tem agenda prevista para Telêmaco Borba, no dia 20 de maio, no IFPR, e para o Teatro Municipal de Guarapuava, no dia 27 de maio. As apresentações são abertas ao público, gratuitas e contarão com recursos de acessibilidade como intérprete de libras e audiodescrição para pessoas com deficiência visual.

Além da montagem e circulação do espetáculo Anoiteceu em Mim, o projeto do Grupo Dia de Arte envolve a realização de oficinas literárias para estudantes do Ensino Médio da rede pública da cidade de Ponta Grossa, com o objetivo de aproximar jovens da literatura e da linguagem teatral, por meio da dramaturgia antropofágica.

As oficinas também abordam peças teatrais presentes em listas de vestibulares, como forma de incentivar os alunos a ingressar no ensino superior. Além disso, proporcionam formação em dramaturgia, com o objetivo final de criar textos de cenas curtas seguindo os princípios do Manifesto Antropofágico.

O Ciclo de Ações Formativas é uma produção do Grupo de Teatro Dia de Arte, com apoio da ABC Projetos Culturais. O projeto foi aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Paraná, com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Sinopse – Anoiteceu em Mim

A peça retrata o cotidiano de um artista que reflete sobre questões existenciais, como o amor e a morte, sob a influência das fases da lua e da natureza. A produção dramatúrgica tem como base e inspiração teórica os princípios do Manifesto Antropofágico. Esse modo de criação artística se espelha nos rituais indígenas, transformando-se, na visão de Oswald de Andrade, em uma nova forma de conceber a arte. O Manifesto propunha “devorar” a cultura e as técnicas importadas para provocar sua reelaboração com autonomia. O movimento buscava a importação de novidades europeias com o objetivo de estimular o pensamento e, depois, antropofagicamente, devorar essas influências à medida que os modernistas redescobriram a realidade brasileira.