Correio dos Campos

‘Mãe, vem hoje?’: mulher troca mensagem com o filho antes de ser morta pelo ex-namorado

Maria Silmara Bonetti, de 40 anos, foi assassinada em Ponta Grossa. Vídeos mostram o suspeito, Onilson Pereira de Almeida, buscando uma arma e arrastando corpo da vítima, segundo delegado. Defesa afirma que existe suspeita que ele tenha 'grave problema psiquiátrico'
28 de fevereiro de 2024 às 10:09
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Maria Silmara Bonetti, de 40 anos, trocou mensagens com o filho afirmando que iria para casa no dia em que foi morta e teve o corpo arrastado por um terreno em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.

“Mãe, vem hoje ou amanhã?”, indagou o jovem de 22 anos. Ela respondeu que iria no domingo (25), quando foi assassinada e deixou o filho sem novas respostas.

O principal suspeito do crime é o ex-namorado dela, Onilson Pereira de Almeida, de 48 anos, com quem a mulher passou a noite. De acordo com a Polícia Civil, é ele quem aparece em vídeos com a mulher ainda viva e, momentos depois, indo buscar uma arma e arrastando o corpo dela para ocultá-lo. Relembre abaixo.

Maria morava com os três filhos, de 17, 19 e 22 anos, na cidade vizinha de Carambeí. O pai deles morreu há cerca de quatro anos, relatam.

Como ela trabalhava em Ponta Grossa, no sábado (24) o filho mais velho enviou mensagens à mãe perguntando quando ela voltaria. Ela respondeu que seria na noite de domingo (25).

No início da tarde de domingo, o jovem voltou a enviar mensagens e a ligar para a mãe, mas não obteve resposta. No mesmo momento, câmeras filmavam Onilson arrastando o corpo de Maria Silmara na cidade vizinha.

De acordo com o delegado da Polícia Civil Luiz Gustavo Timossi, o homem confessou o crime à polícia.

“Na manhã de domingo (25), após uma discussão supostamente motivada por ciúmes, o suspeito acabou assassinando Maria Silmara, lhe dando inicialmente um ‘mata-leão’ e, após desacordá-la, acabou lhe atingindo com dois golpes de faca na região de seu pescoço”, relata.

A defesa de Onilson destaca que ele admitiu o crime na delegacia, mas afirma que os fatos “não estão bem esclarecidos” e que vai aguardar a investigação para “entender o que aconteceu”.

“Desde logo, existe uma suspeita de que o Sr. Onilson padece de um grave problema psiquiátrico, mas isso terá que ser submetido a uma perícia oficial”, complementa.

Vídeos no local do crime

A Polícia Civil incluiu no inquérito pelo menos três vídeos relacionados ao crime. Eles foram gravados pela mesma câmera de segurança – que fica no terreno de uma loja de caminhões, onde Onilson morava e trabalhava como cuidador.

O primeiro vídeo, gravado às 11h34, mostra Maria saindo da casa do suspeito, conversando tranquilamente com ele. Ela estava com uma bolsa e, segundo o delegado Luiz Gustavo Timossi, os dois estavam indo para o local onde a vítima foi morta.

Pouco menos de uma hora depois, às 12h28, Onilson volta para a casa, para buscar uma arma de fogo.

Às 13h15, o homem aparece procurando uma corda. Na sequência, a amarra no pescoço da vítima e arrasta o corpo dela ao longo do terreno até levá-lo a uma parte mais afastada, ao lado do muro. Segundo Timossi, o homem tinha a intenção de esconder o cadáver. As imagens são fortes e foram editadas em respeito à família da mulher.

Polícia foi acionada por amigas da vítima

Maria Silmara Bonete trabalhava como balconista em Ponta Grossa, mas residia na cidade vizinha de Carambeí.

De acordo com a Polícia Civil, ela tinha terminado um namoro com Onilson havia dois meses, mas o encontrou em uma boate na madrugada de domingo (25) e decidiu ir passar a noite na casa dele.

Segundo a Polícia Militar (PM), as equipes foram acionadas por volta das 13h por amigas da vítima, que estavam com ela na boate. Após não conseguirem mais contatar Maria, elas chegaram a ir até a casa de Onilson no domingo perguntando por ela, mas ele afirmou que não sabia onde a vítima estava, conta Timossi.

A PM encontrou o suspeito no local com manchas de sangue no corpo. Inicialmente, ele justificou que havia matado um porco, mas na sequência confessou o crime, afirma a corporação.

O homem alegou ainda que houve luta corporal, mas segundo a polícia não foram encontrados indícios no local que comprovassem a fala do suspeito.

O corpo da vítima estava no terreno em que o vídeo foi gravado, que fica na Avenida Visconde de Mauá.

Segundo a Polícia Civil, a mulher apresentava sinais de asfixia e também marcas de dois golpes de faca no pescoço.

Na residência, foi encontrada uma arma de fogo de calibre .38, não registrada.

Crimes

Onilson Pereira de Almeida foi preso em flagrante no domingo (25) pelos crimes de homicídio, qualificado por feminicídio e por impossibilidade de defesa da vítima, e também por posse e porte irregular de arma de fogo.

Na segunda-feira (26) a prisão dele foi convertida em preventiva. Na decisão, a juíza Débora Portela ressalta que o crime é classificado como hediondo.

Fonte: G1