Correio dos Campos

Visita virtual conforta pacientes da UTI e tranquiliza familiares

Em meio à pandemia de coronavírus, HGU proporciona forma alternativa para que os encontros continuem acontecendo de forma segura
15 de abril de 2020 às 15:13
(Divulgação)

COM ASSESSORIAS – Além da estrutura com equipes, equipamentos e até mesmo unidades específicas destinadas ao atendimento de pacientes com a Covid-19, os hospitais também tiveram que adaptar outras rotinas.

As visitas presenciais no Hospital Geral Unimed (HGU) estão suspensas desde o dia 23 de março, por orientação dos órgãos oficiais para prevenção do contágio. E, para manter os encontros entre os familiares e os pacientes internados na unidade de terapia intensiva adulto, o hospital tem buscado alternativas com as tecnologias que já contam com adesão popular.

A opção adotada foi a visita virtual, realizada por videochamada. Um membro da família fica responsável por ser o contato direto com o HGU e, diariamente, a partir das 16h, é quem recebe a ligação da colaboradora do hospital, encarregada especialmente para fazer essa interface.

De acordo com a psicóloga do HGU, Juliane Scheiffer, o contato com a família é parte importante na recuperação do paciente e também uma forma de transparência com aqueles que têm um ente internado. “O isolamento social trouxe um impacto negativo para os pacientes que necessitam de hospitalização. Mesmo não estando contaminados pelo novo vírus, eles sofrem por causa da enfermidade, da saudade. E os familiares também sofrem a angústia da distância travada com quem está hospitalizado”.

As chamadas duram cerca de 20 minutos e são feitas individualmente, inclusive com os pacientes que estão sedados ou entubados. “Para nós, tem sido um conforto poder vê-la e acompanhar a melhora. Isso é muito importante tanto pra nós quanto pra ela, pois foi depois que eu falei com ela pela chamada de vídeo que ela começou a reagir”, comenta Adriana Vicente Rodrigues, filha de uma paciente.

Mesmo com a distância física, a nova modalidade permitiu ampliar a oportunidade de contato. Segundo Juliane, muitas vezes, em uma única videochamada são adicionados familiares que moram em outras cidades e estados e ainda é possível a participação de netos e bisnetos, já que nos encontros presenciais o número de visitantes é limitado e não são permitidas crianças.

“É uma situação nova para todos e temos que ter bom senso. Eu acho super importante o contato físico com o paciente pra que possa ajudar na recuperação, mas se não é possível, que pelo menos ele escute e veja pela chamada de vídeo que ele não está sozinho, que a família está a par de tudo e que se importa com ele”, afirma Daniele Pupo, que está com o pai internado.

Além das videochamadas, o mesmo familiar que ficou como contato oficial entre o paciente e o hospital também recebe, todos os dias, às 11h, uma ligação com o boletim médico. Na UTI neopediátrica, esse boletim também é passado aos pais por telefone. Na unidade de terapia intensiva infantil, as visitas também foram restritas somente aos pais e elencados alguns critérios, dependendo da condição do paciente. Nos casos em que a presença da mãe é inviável, também são feitas videochamadas.

A mãe da Luana do Nascimento já recebeu alta e, durante o período em que esteve internada, também conseguiu manter o contato com os filhos e o neto pelas videochamadas diárias. “Mesmo nesse momento de crise que estamos vivendo, não desampararam nem o paciente, nem a família. Nós a víamos todos os dias, tínhamos uma real noção de como ela estava, se ia evoluir ou não”, diz.

A psicóloga ressalta que o engajamento tem sido positivo e, em alguns casos, até inusitado. Desde o marido que faz a barba esperando pelo momento de ver a esposa na tela do celular até crianças que escrevem cartazes para os avós.

“Isolamento social não é isolamento afetivo. E é estreitando este vínculo que do lado de cá da telinha, temos mais olhos abertos para ver a família, mais sorrisos e mais força pra viver. Do lado de lá, temos corações aliviados e muito amor para transmitir. E uma distância que vai cada vez ficando mais curta até chegar o dia do abraço apertado”, finaliza Juliane.