Correio dos Campos

Audiência pública debate INSS Digital

Atendimento dificulta acesso dos mais pobres
11 de março de 2020 às 14:54
A realização da audiência pública está sendo divulgada nos terminais de ônibus. (Divulgação)

COM ASSESSORIAS – Na esteira do tema da Campanha da Fraternidade deste ano – ‘Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso’ – a Diocese de Ponta Grossa está incentivando a participação de todos os católicos na audiência pública ‘INSS Digital e seus impactos na vida dos cidadãos’, marcada para sexta-feira (13), às 14 horas, na Câmara de Vereadores de Ponta Grossa. O bispo dom Sergio Arthur Braschi irá compor a mesa dos trabalhos e o assessor diocesano Luís Fernando Retting deverá falar, abordando a auditoria cidadã da dívida pública.

A Campanha da Fraternidade, em seu nono objetivo específico, sugere ‘valorizar, divulgar e fortalecer as inúmeras iniciativas já existentes em favor da vida’. Também uma das propostas contempladas no texto-base deste ano orienta o cristão a ‘agir como o bom samaritano, que viu, sentiu compaixão e cuidou’. Pensando em fazer valer os direitos de doentes, idosos, parturientes, portadores de necessidades especiais e pessoas prestes a se aposentar é que está sendo organizada a audiência pública, informa a assistente social, integrante do colegiado do Núcleo Regional de Serviço Social e catequista, Rosane dos Anjos.

Segundo Rosane, membro da comissão organizadora, o INSS estabeleceu, no segundo semestre de 2018, através de instrução normativa, que a prestação de seus serviços ocorreria – exclusivamente – através de agendamento via INSS Digital, mudando radicalmente sua forma de relação com a sociedade. “Observamos uma dificuldade muito grande da população em acessar os serviços do INSS e essa dificuldade ganhou proporção gigantesca no início de 2019, quando a agência de Ponta Grossa passa a assumir todo o atendimento através da internet. Todos os serviços têm de ser agendados via digital. Na recepção, a pessoa recebe um formulário e uma senha para que acesse o sistema do INSS”, conta a assistente social.

“Para quem tem acesso à tecnologia, às ferramentas digitais, não é problema. O problema é para as pessoas de baixa escolaridade, ou, os que não têm acesso a ferramenta digital, que passaram a ser excluídas; passara a necessitar de um intermediário e essa intermediação é feita através de um pagamento. A pessoa não consegue mais, sozinha, fazer acerto de cadastro, dar entrada em pedido licença-maternidade, de aposentadoria, ou seja, foi subtraída de sua cidadania. Isso ganhou proporção gigantesca. Por isso, foi provocado o Núcleo (Regional de Serviço Social) para que fizéssemos o chamamento a população. Fomos até o sindicato (dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho, Previdência Social e Ação Social do Estado do Paraná) e até a Câmara de Vereadores, onde o vereador Pietro Arnaud (Rede) e solicitamos que protocolasse essa audiência”, explica Rosane.

Na sexta-feira, conforme a assiste social, será exposta publicamente a problemática, registradas as falas da população, material esse que instruirá relatório a ser encaminhado para todos os órgãos competentes, inclusive para a Assembleia Legislativa do Paraná, Câmara dos Deputados e Senado. “Faremos a denúncia, e, que as instituições sejam favoráveis a população, no sentido de que essa população receba o atendimento adequado e, preferencialmente, humanizado pelo INSS”, acrescenta Rosane.

“Nós somos a voz dos mais vulneráveis, dos que não têm acesso nem ao celular, muito menos as redes sociais. Os que mais precisam de assistência são justamente as pessoas mais humildes e a maioria, infelizmente, é analfabeto funcional”, resumiu a coordenadora diocesana da Campanha da Fraternidade, Íria Portela, ao falar da importância da audiência pública e da participação dos fiéis católicos.