Correio dos Campos

Detentos ganham almoço especial de Natal

Pastoral Carcerária realiza confraternização para presos e convidados.
7 de dezembro de 2017 às 17:33
Os padres abençoaram os alimentos e rezaram pelos policiais, funcionários, detentos e suas famílias. Foto: Divulgação

COM ASSESSORIAS – 340 quilos de carne, 100 quilos de batata e 50 quilos de macarrão caseiro, além de dezenas de tomate, cebolas e cabeças de alface, 120 fardos de refrigerante e muito amor ao próximo. Esses foram os principais ingredientes do almoço especial de Natal para os 862 detentos do Presídio Hildebrando de Sousa, em Ponta Grossa, realizando nesta última quinta-feira (7).
Organizado pela Pastoral Carcerária, a refeição preparada por voluntários na Paróquia Santa Teresinha, com alimentos doados pela comunidade. Foram perto de 30 convidados, entre eles o juiz corregedor da Vara de Execuções Penais, Antônio Acir Hrycyna, e, o vigário geral da Diocese, padre Jaime Rossa, que representou o bispo dom Sergio Arthur Braschi.

Almoçaram também no Hildebrando representantes do Ministério Público, do Conselho de Segurança, do Conselho da Comunidade, do Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos, além do padre Marcelo do Carmo e Leandro de Paula, ex-detento resgatado pela Comunidade Deus Pai, que realiza trabalho de evangelização com os presos durante todo o ano. Para o diretor do Presídio, Bruno Propst, a iniciativa é bastante importante e já se tornou uma tradição. “Todo o fim de ano, a Pastoral Carcerária, o bispo vem aqui e é para nós muito importante este momento de se encontrar com Deus, de ter uma reflexão positiva, em uma época em que (os detentos) ficam normalmente mais ansiosos. Eles contam sempre com esse almoço diferenciado, é uma assistência a mais e muda até o clima. Dom Sergio é uma pessoa sensacional e quando vem é uma injeção de alegria”, ressaltou.

O secretário da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil/Subseção de Ponta Grossa, Yago Medeiros Vieira, destacou que o almoço representa a integração das instituições. “Demonstra como está a situação atual do Hildebrando e como a sociedade pode ajudar e não abandonar o sistema carcerário”, avaliou. Silvana Gonçalves, presa por homicídio há dois anos e quatro meses, contou que todos ficam esperando pelo dia do almoço. “É uma coisa diferente, sai da rotina, há movimentação de mais pessoas, uma comida diferente. Parece mais uma família; porque sempre a família se reúne fim de ano. Aqui, a gente fica mais sozinho. É bem importante, especial essa confraternização porque ajuda a esquecer dos problemas, que se está preso”, contou, adiantando que, no próximo Natal, deverá estar com a própria família já.

Este ano, por força de um compromisso de última hora em Curitiba, o bispo dom Sergio Arthur Braschi não pode visitar as galerias, cantando, tocando violão e fazendo a novena de Natal com os detentos. Dom Sergio foi representado pelo vigário geral da Diocese, padre Jaime Rossa. “Sabemos que deveremos cultivar sempre uma atitude de solidariedade, especialmente, neste período. O Natal representa justamente este gesto, gesto de amor, de solidariedade, de carinho, e, uma das formas que a Igreja encontra para manifestar este gesto é estar aqui, com estas pessoas, que talvez falharam ao longo de sua vida, mas que merecem atenção e consideração não só da Igreja, mas de toda a sociedade. Porque vendo a pessoa como ela é, criada a imagem e semelhança de Deus, precisamos respeitar a sua dignidade”, enfatizou o padre.

O almoço é realizado pela Pastoral Carcerária, que é coordenado na Diocese por Abegail Trebski, com a ajuda da irmã, Alfredina Pereira Pinheiro e de Renato Fürstenberger.