Correio dos Campos

Após ser mantido refém por 8 horas, caminhoneiro relata tensão vivida na mira de assaltantes

Caminhoneiros de Piraí do Sul e Ventania foram assaltados na semana passada enquanto descansavam em um posto de gasolina na cidade de São José dos Pinhais
25 de setembro de 2018 às 20:50

REDAÇÃO/Correio dos Campos – Poucos dias após ser assaltado, junto com outro caminhoneiro da cidade de Ventania, o piraiense Wilian Josias Rosa de Melo conversou com o Correio dos Campos, relatando com detalhes o drama vivido na companhia dos assaltantes.

Segundo o caminhoneiro, a dupla descansava no pátio de um posto de combustíveis na cidade de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, quando ele foi surpreendido perto das 3h40 da manhã por três homens armados na cabine de seu caminhão.

“Eles repetiam que só queriam a carga. Pediram a nota fiscal para saber o valor do produto e me perguntaram se estava armado. Os ladrões pegaram R$ 900 reais que estavam comigo, parte minha e parte para as despesas do caminhão, e então quiseram saber se o companheiro que estava com o caminhão ao lado viajava comigo. Falaram que não era pra mentir porque se mentisse eles iriam me matar”, disse Wilian.

Depois da primeira abordagem, contou o caminhoneiro, o colega também foi rendido pelos ladrões. Os dois caminhoneiros foram colocados na parte de trás de uma das cabines e levados por três bandidos, um no volante e dois ao seu lado, ambos no banco da frente, enquanto um quarto elemento da quadrilha assumiu a direção do segundo caminhão.

“Andamos uns 20 quilômetros até parar na margem de uma rodovia. Como a gente estava só com a roupa do corpo, eles ordenaram que colocássemos nossos sapatos. Dois deles levaram a gente pra dentro do mato, ordenando que ficássemos quietos, sem reagir, e frente a frente um com o outro”, relatou o motorista.

De acordo com ele, embora os bandidos não tenham usado de violência durante todo o tempo em que permaneceram reféns, de tempos em tempos eles falavam que era para os caminhoneiros permanecerem ‘na moral’ porque, caso contrário, seriam mortos ali mesmo.

“Não bateram na gente, nem nada, mas falaram isso. Perguntaram também se a gente tinha algum problema e se um de nós tomava remédios. Disseram que se fosse para desmaiar ali eles iriam matar de uma vez”.

Depois de intimidarem as vítimas, os ladrões chegaram a dizer que iriam liberar a dupla logo depois que conseguissem remanejar a carga dos dois caminhões.

“Disseram que iam soltar a gente ali pelas 7 horas da manhã, mas o tempo foi passando, passando e nada. Quando deu 9 horas falaram que em meia hora iriam liberar nós dois, mas de novo passou o tempo, deu 10 horas, 11 horas e a gente ali, com eles sempre olhando o horário na nossa frente”.

“Quando deu meio-dia eles ajeitaram um monte de cordas para amarrar nós dois, mas falaram que como cooperarmos e não revidamos eles iriam deixar a gente livre. Só mandaram a gente virar as costas pra eles e ficar de joelhos. Nesse momento apareceu um carro que pegou eles. Antes de saírem falaram que os caminhões seriam abandonados perto do Ceasa”, contou.

Depois do susto

Os motoristas foram socorridos por funcionários que trabalhavam no barracão mais próximo do local onde foram libertados. Em seguida a dupla seguiu até uma das delegacias de Polícia Civil da região, onde foram ouvidos por integrantes da equipe especializada em roubos de cargas.

“Depois de todo esse susto nós fomos com os policiais até o Ceasa para reconhecer os caminhões. O do Xaropinho (apelido do outro motorista roubado) tinha só o cavalinho, enquanto o meu estava numa rua do lado, abandonado, sem carga e sem todos os acessórios”, disse Wilian.

Com os caminhões recuperados, por volta das 21 horas da noite os motoristas foram liberados pela polícia para voltarem para casa dirigindo os próprios veículos.
Investigação

Wilian disse também que a polícia informou que as investigações sobre o assalto continuarão. Segundo ele, os policiais disseram que os assaltantes provavelmente integram uma quadrilha especializada em roubos de cargas que atua em todo o estado.

Carreta desaparecida

A carreta do colega de Wilian, com placa AUN-3986, não havia sido encontrada até o início da noite desta terça-feira. Qualquer informação sobre a localização do veículo poderá ser repassada para as polícias Civil e Militar em todo o Paraná.