Correio dos Campos

Após morte de trabalhador, funcionários denunciam falta de manutenção em fábrica da região

24 de novembro de 2017 às 21:56
Abertura no piso mostra local exato de onde o trabalhador caiu no último dia 16 de novembro.

REDAÇÃO/Correio dos Campos – Funcionários da empresa Iguaçu Celulose e Papel, sediada em Piraí do Sul, na região dos Campos Gerais, demonstraram preocupação com as condições de segurança da unidade fabril que, segundo diversos relatos, apresenta uma série de problemas estruturais que expõem os trabalhadores diariamente a risco.

As denúncias feitas pelos funcionários da empresa ao Correio dos Campos ocorreram logo depois da trágica morte do operador Luciano Soek Rentz, de 36 anos de idade, no último dia 16, quando caiu de uma das passarelas da fábrica de uma altura de aproximadamente 30 metros, segundo os denunciantes.

A morte do colega de trabalho despertou indignação em muitos trabalhadores. Segundo eles, vários pedidos de manutenção das passarelas foram feitos aos responsáveis pelo setor de segurança da fábrica, inclusive para a recuperação da passarela de onde o funcionário despencou para a morte.

Os funcionários relataram ainda que as duas passarelas da unidade, identificadas internamente pelos códigos TCC05A e TCC05B, apresentavam pontos de corrosão e que por isso estavam seriamente comprometidas. De acordo com os denunciantes, essa informação também havia sido repassada aos responsáveis pela segurança, através de e-mails corporativos trocados de forma interna.

De acordo com os trabalhadores, o colega perdeu a vida porque o piso de uma dessas passarelas simplesmente abriu enquanto ele caminhava pelo local. “Basta ver a abertura nas fotos que foram tiradas. Dá para ver perfeitamente que o piso soltou e que por isso a tragédia aconteceu. Não teve mal súbito nem nada, teve foi negligência mesmo”, disse um dos funcionários.

“A família dele merece respeito. Merece saber de verdade o que aconteceu. Se tivesse manutenção na fábrica ele poderia até, infelizmente, ter perdido a vida de uma outra forma, mas não despencando de uma passarela por falta de manutenção e por falta de segurança” completa.

“Temos família também e imaginamos a dor pela qual estão passando. Não queremos tumultuar nada, mas apenas que reconheçam a falha e que deem as condições de segurança que todos os funcionários precisam na fábrica para trabalharem com tranquilidade”, desabafou o trabalhador.

Manutenção inadequada – Os funcionários relataram que logo após o acidente a empresa providenciou a instalação provisória de tábuas de madeira em uma das passarelas da unidade, situação que, segundo eles, aumentava o risco de novos acidentes, principalmente a noite, quando a umidade deixaria o piso extremamente liso.

O outro lado – Após ter acesso de forma exclusiva a uma série de documentos sobre os pedidos de manutenção da estrutura fabril, além de imagens que demonstram, supostamente, as condições de equipamentos da empresa, o Correio dos Campos tentou contato com o setor de segurança da unidade piraiense para esclarecer as graves denúncias feitas contra a indústria.

No e-mail enviado no dia 17 de novembro, um dia depois da morte do funcionário, a reportagem do Correio questionou todos os pontos apresentados na denúncia feita pelos funcionários, além de tentar saber também sobre a assistência que vinha sendo prestada aos familiares do trabalhador morto.

No entanto, até o fechamento desta matéria, às 21 horas da noite desta sexta-feira, 24, a empresa não respondeu a mensagem e nem se pronunciou oficialmente sobre o caso.