Correio dos Campos

Polícia investiga denúncia de racismo contra lateral de São Bernardo no jogo contra o Operário pela Série C do Brasileirão

Jeferson relatou ter sido chamado de 'macaco' por um torcedor do Operário, time anfitrião. Suspeito ainda não foi identificado
7 de agosto de 2023 às 15:20
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A Polícia Civil (PCPR) está investigando um caso de racismo relatado no domingo (7) em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, no jogo de futebol entre o time da casa, Operário, e o paulista São Bernardo, pela Série C do Campeonato Brasileiro.

À Polícia Militar (PM), o lateral Jeferson, do São Bernardo, disse que foi chamado de “macaco” por um torcedor do time anfitrião durante a partida no estádio Germano Krüger.

A PM afirmou que em análise preliminar das imagens do campo não foi possível identificar nem o suspeito e nem o momento do crime.

O atleta registrou um boletim de ocorrência ainda em campo, e o caso foi encaminhado para inquérito da Polícia Civil.

Em nota oficial, o Operário disse que o estádio Germano Krüger dispõe de câmeras em toda a sua estrutura e que as imagens estão à disposição das autoridades competentes, do atleta da equipe do São Bernardo e do delegado da partida.

Na coletiva de imprensa após o jogo, o técnico do time paranaense, Rafael Guanaes, condenou o episódio.

“A gente não só repudia, como não entende. As próprias cores do clube [Operário] dizem tudo. Estamos em 2023 e ainda estamos lidando com esses assuntos que eu não tenho capacidade de entender. Falei para o Jeferson ali que estamos juntos com ele. Temos jogadores brancos, negros, de todas as raças aqui. Nossa origem é essa. Nosso povo brasileiro é um povo de misturas. Se precisasse parar o jogo, ou qualquer outra decisão que fosse tomada ali, extrapola qualquer tipo de competição. Essa é uma luta que não é só aqui, é no Brasil, no mundo todo. E a gente tem que levar isso muito a sério”, disse o técnico.

O São Bernardo disse, em nota oficial, que repudia qualquer tipo de preconceito e espera que medidas sejam tomadas.

“O racismo é crime grave segundo as leis brasileiras e é um ato condenável sobre todos os aspectos. […] Esperamos que isso seja combatido e que não exista em qualquer âmbito da nossa sociedade”, diz o texto.

Jogo parado

Jeferson primeiro relatou o caso de injúria racial à arbitragem, ainda durante o jogo. A partida ficou paralisada dos 49 aos 56 minutos do segundo tempo.

Torcedores afirmaram à PM que ao final do jogo, que terminou em um a zero para o Operário, o jogador Matheus Salustiano, do São Bernardo, arremessou um copo d’água em direção à torcida.

Um homem relatou que o filho dele foi atingido.

O que diz a lei para casos de injúria racial

Neste ano uma nova lei equiparou os crimes de injúria racial e racismo.

O texto incluiu a injúria, atualmente contida no Código Penal, na Lei do Racismo. Criou, também, o crime de injúria racial coletiva.

Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três anos e multa.

Com a nova lei, a punição passa a ser prisão de dois a cinco anos. A pena será dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.

A nova lei também determina que o crime de racismo realizado dentro dos estádios terá também pena de dois a cinco anos.

Além de contextos de atividades esportivas, a medida também valerá em ambientes religiosos, artísticos ou culturais.

O texto também proíbe a pessoa que cometer o crime em estádios ou teatros, por exemplo, de frequentar este tipo de local por três anos.

Fonte: G1