Correio dos Campos

Mãe reencontra bebê roubada por falsa enfermeira

A pequena Lara nasceu no domingo (24) em hospital da cidade de Manhuaçu (MG) e, no dia seguinte, foi roubada por mulher que se passou por funcionária do hospital; ela acabou presa e criança foi devolvida à mãe ainda na maternidade
28 de maio de 2020 às 14:47
Maria Jéssica revê a filha Lara após falsa enfermeira roubar a recém-nascida Foto: Reprodução

EPOCA – Maria Jéssica da Silva, de 23 anos, dormia na noite da última segunda (25), um dia após dar à luz no Hospital César Leite, no município de Manhuaçu, na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais. Ao acordar, passou a viver um pesadelo que se estendeu por quase três horas. Sua filha havia desparecido.

Uma mulher se apresentou como enfermeira da unidade para medicar a pequena Lara e fugiu com a recém-nascida enrolada em uma manta.

A criminosa foi encontrada com a criança por policiais, pouco depois, em sua casa no município vizinho Durandé, a cerca de 35 km. Acabou presa em flagrante. A filha Lara foi devolvida aos braços da mãe, que se emocionou ao revê-la.

“Vocês são uns anjos em minha vida”, agradeceu a jovem a um policial que ajudou a resgatar a criança.

Em entrevista a ÉPOCA nesta quarta (27), Maria Jéssica falou sobre o medo que a assombrou ao constatar o desaparecimento da filha. “Passou na minha cabeça que eu não ia conseguir ver minha filha nunca mais. A gente vê muito na televisão casos assim, e não conseguem achar. Fiquei completamente sem chão. Foi um alívio tê-la de volta nos meus braços. E também um sentimento de revolta. Estou até agora sem entender por que ela fez isso”.

Ainda no hospital, de onde receberia alta nesta quinta (28), a mãe mantém a filha nos braços a maior parte do tempo: “Ela não sai mais do meu colo”.

Como foi o sequestro

Uma enfermeira do hospital relatou às autoridades que a mulher, de 26 anos, deu entrada na unidade às 22h23, alegando dores abdominais e que estava grávida. Após uma primeira consulta, ela foi encaminhada a um quarto da maternidade. Segundo testemunhas, a criminosa esteve no hospital à tarde e teve tempo de observar o local antes de agir.

A mulher, então, se passou por enfermeira mesmo sem crachá e uniforme. “Ela chegou falando meu nome, que me conhecia, que não tinha problema pegar minha filha e me deixar dormindo. Nunca nem a vi na minha vida. Não sei como conseguiu meu nome. Disse que era uma enfermeira do hospital que estava de licença e que outra enfermeira tinha pedido a ela para pegar minha filha. Estava de calça preta, blusa de frio preta e uma mochila cheia nas costas. Mas não desconfiei de nada, nunca pensei que isso fosse acontecer”.

As câmaras de segurança do hospital gravaram o momento em que a mulher passa pela recepção e sai com o bebê coberto no colo sem ser interpelada. Nas imagens, é possível ver que ela ainda deixa uma ficha na bancada. Com a demora para o retorno da filha, Maria Jéssica decidiu verificar a situação.

Falsa enfermeira confessou crime

Em depoimento, ela confessou o crime, embora não tenha esclarecido sua motivação, segundo o delegado Ramon Caldas Ferreira, que estava de plantão no dia da ocorrência.

“Ela admitiu ter roubado a recém-nascida, no entanto, afirmou que devolveria a criança para a mãe. Ela justificou, conforme palavras dela, ‘parece que a ficha caiu’. Nesse primeiro momento, não explicou como identificou o nome da recém-nascida, nem alegou motivo específico para a prática da conduta. Foi um depoimento confuso, ela não soube explicar como teria chegado ali. Não foi uma explicação convincente”, disse o delegado.

Uma enfermeira do hospital, o taxista e os policiais envolvidos no caso também foram ouvidos. Com base nos depoimentos, a prisão em flagrante foi ratificada. A mulher foi enquadrada no artigo 237 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê de dois a seis anos de reclusão e multa. Ela não possúia antecedentes criminais. As investigações estão a cargo da Delegacia Regional de Polícia Civil, em Manhuaçu.

Em nota, o Hospital César Leite informou que instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias em que a mulher conseguiu retirar a criança da maternidade. Disse ainda que ela chegou ao hospital alegando que estava grávida e com fortes dores e foi encaminhada para o centro obstétrico, onde foi atendida e orientada a retornar para casa.

De acordo com o hospital, a mulher usou um cobertor para cobrir a criança e apresentou a guia de liberação da consulta na portaria.