Correio dos Campos

Casal viaja mais de mil quilômetros para adotar menina com síndrome de down

12 de maio de 2020 às 15:43
(Reprodução)

RAZÕES PARA ACREDITAR – Até onde o amor de mãe pode levar? Para Paola, ele não mede distâncias. A goiana esperou cuidadosamente para alcançar o desejo de adotar uma filha com Síndrome de Down e quando a oportunidade surgiu, ela não hesitou e percorreu mais de mil quilômetros para enfim poder prestar o seu amor de mãe a alguém que tanto precisava.

“Ser mãe… é um amor que não dá pra explicar. Quando ela deita no meu peito e eu consigo sentir o coraçãozinho dela bater, sinto que estou no céu”. A história começa quando Paola ainda era adolescente. “Meu sonho era ser mãe adotiva de uma menina T21. Antes do desejo tomar forma, eram só sonhos à noite com uma menina Down bailarina que começaram quando eu ainda era adolescente”, disse Paola.

Anos mais tarde veio o casamento e uma das primeiras coisas que o marido Adalberto ficou sabendo foi sobre o desejo. “Num dia qualquer, por iniciativa dele, ouço a proposta: vamos procurar a bailarina?”.

Era o início da realização de um sonho, o sonho de ser mãe de uma forma diferente e que não seria fácil. “Foi então que começou a romaria para o processo de adoção”, disse ela.

Corrente se formou na internet para encontrar filha de Paola

Foram seis meses só para entrar na fila de espera. Depois a dificuldade era encontrar uma criança de até 4 anos do sexo feminino com Síndrome de Down. No estado de Goiás não havia e começou um verdadeiro trabalho de formiguinha.

A família postou nas redes sociais a procura e várias outras pessoas saíram compartilhando a ideia, todo mundo querendo ajudar Paola a encontrar a sua bailarina especial.

“Foi lindo de se ver. Começaram a chegar alguns sinais, alguns telefonemas”. Mas nada de concreto. Um certo dia, a notícia chegou por meio de um telefonema do esposo. “Quando atendo, a frase tão sonhada e embriagada de emoção na voz do meu marido: ‘Amor, acharam a nossa filha!’ Teve choro dos dois lados da ligação.

A pequena Agnes de 52 dias esperava pelo casal no interior de São Paulo. Era uma bebê com Síndrome de Down que não conseguia se alimentar, que havia sido abandonada e que estava sendo cuidada pela equipe do hospital. “A vontade era sair correndo para buscá-la”.

Casal fez anúncio para amigos e familiares antes
Antes mesmo de iniciar a procura pela tão sonhada filha bailarina, a família começou uma preparação com amigos e familiares. “Optamos por contar a todos bem cedo para que boa parte do preconceito que já sabíamos que enfrentaríamos viesse antes, longe dela, para que não sentisse essa energia, não carregasse esse fardo logo na sua chegada”.

O pai da Paola não aceitava, mas foi se acostumando com a ideia. “Eu não sabia qual seria sua reação. Quando contei a novidade, ele não só ficou feliz, como se emocionou, repetia: já sou vovô, já sou vovô”.

Família viajou mais de mil quilômetros de carro

Depois de tudo que Paola e Adalberto passaram, eles iriam buscar Agnes no interior de São Paulo, mas não poderiam ir de avião por causa das restrições causadas pela pandemia de coronavírus. Mas isso não era obstáculo, eles foram de carro.

“No hospital repetiram algumas vezes que não éramos obrigados a aceitar. Até parece que iríamos desistir depois de procurar tanto por ela”. Naquele mesmo dia a Justiça já iria conceder a guarda de Agnes para eles. Estava realizado o sonho!

“Daí em diante nossa história se inicia. Agnes ganha não apenas pais, mas uma família apaixonada por ela. Meu pai se foi de repente uma semana após chegarmos a Goiânia, antes de conhecer a neta, mas sem dúvida após cumprir sua missão. Agnes tem esse poder e veio também com essa missão, para a evolução do avô”.

A família naturalmente tem muitos desafios. Agnes tem um problema sério de coração, dificuldades para respirar e vai fazer cirurgia na próxima semana. “Acho que o fato dela ser atípica não torna a minha maternidade mais especial, toda criança precisa de amor e merece ter uma família. A escolha do perfil está relacionada a um sonho de adolescente, não sei explicar, fomos estudando e nos preparando pra isso até nos sentirmos preparados para suprir a atenção e as estimulações que ela precisa para se desenvolver”.