Correio dos Campos

Automedicação aumenta no PR na pandemia e Conselho de Farmácia alerta para riscos

7 de maio de 2020 às 10:38
(Divulgação/AGÊNCIA BRASIL)

Desde terça-feira (5), o Conselho Federal de Farmácia (CFF) faz um alerta em todo o Brasil sobre o uso racional de medicamentos durante este período delicado de pandemia do novo coronavírus. “Não entre em pânico e antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmacêutico”, é a orientação da campanha nacional.

O motivo do alerta não é à toa. Estudo realizado a pedido dos conselhos aponta para um aumento significativo da venda de alguns remédios relacionados à covid-19 nos três primeiros meses deste ano. De acordo com o Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR), a venda de vitamina C no estado, por exemplo, quase duplicou. Enquanto que nos três primeiros meses foram vendidos 232 mil medicamentos, este ano a comercialização da vitamina C, remédio favorito da população para tentar conter resfriados, chegou a 690 mil.

Outros medicamentos também tiveram aumento de consumo. A hidroxicloroquina, que aposta do presidente Jair Bolsonaro para o tratamento de casos graves de covid-19, teve aumento de 59% em todo o Paraná.O paracetamol, conhecido por aliviar dor e febre – sintomas comuns do coronavírus -, apresentou alta de 80% nas vendas.

O Ibuprofeno, por sua vez, apresentou baixa nas vendas. Por não ser recomendado para aliviar os sintomas do coronavírus, o medicamento teve queda de 10% em sua comercialização.

De modo geral, a alta na procura de medicamentos demonstra um hábito errado, mas consagrado da população brasileira de uso indiscriminado de remédios. De acordo com pesquisa do Conselho Federal de Farmácia, 77% dos brasileiros se medicaram sem qualquer orientação médica nos últimos seis meses. Quase metade (47%) se automedica ao menos uma vez ao mês, e um quarto (25%) utiliza remédios sem prescrição médica todos os dias ou pelo menos uma vez por semana.

Riscos da automedicação

Automedicação é coisa séria. O CFF alerta que todos os medicamentos oferecem riscos à saúde e mesmo os que estão isentos de prescrição podem causar danos. O paracetamol, por exemplo, dependendo da dose, pode causar hepatite tóxica. O conselho também alerta para o uso indiscriminado de outras drogas. A dipirona oferece risco de choque anafilático e o ibuprofeno é relacionado a tonturas e visão turva.

O uso prolongado da vitamina C, queridinho para quem deseja aumentar a imunidade, pode causar diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça. A ingestão excessiva de vitamina D pode causar depósito de cálcio nos rins e até causar lesões permanentes.

De acordo com o farmacêutico Gustavo Pires, do CRF-PR, é necessário reforçar a importância de se consultar o farmacêutico, mesmo quando a compra do medicamento não exige receita médica. “Todo medicamento pode ter o efeito contrário e fazer mal à saúde. Além disso, algo que as pessoas precisam entender é que existem vários tipos de medicamentos, composições químicas, jeito de tomar, dosagem, horário para ingerir e outros fatores”, complementa.

Hidroxicloroquina

A hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doenças como lúpus eritematoso, vem sendo testado e utilizado em caso graves de covid-19. O uso só é recomendado com prescrição médica, mas sua venda sofreu aumento no Paraná nos últimos meses. Entre os efeitos colaterais do remédio estão problemas na visão, convulsões, insônia, diarreias, vômitos, alergias graves, arritmias e até parada cardíaca.

Fonte: TribunaPR