Correio dos Campos

Fiscal morta em confusão por máscara ganha homenagem e vira nome de Centro de Saúde

O nome foi escolhido pela Prefeitura de Araucária para homenagear a fiscal
4 de maio de 2020 às 14:40
Espaço é voltado para pacientes infectados pelo covid-19. Foto: Banda B

BANDA B – O Centro Especial de Combate ao Coronavírus de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, recebeu o nome de Sandra Maria Aparecida Ribeiro, a fiscal de loja do Hipermercado Condor, que morreu na última semana vítima de disparo de arma de fogo. O antigo Pronto Atendimento NIS 3 se transformou em um espaço dedicado ao cuidado dos infectados. O nome foi escolhido pela Prefeitura de Araucária para homenagear a fiscal.

O pai de Sandra esteve presente, junto com outros familiares e amigos da trabalhadora, e confessou a dor de estar sem a filha. “Agradeço a homenagem, vocês nos ajudaram a ficar mais forte, é um conforto para o nosso coração. Eu nem sei o que pensar, tem uma hora que eu não sei o que estou fazendo, tomamos uma pancada que jogou a gente longe, tá muito difícil”, se emociona, em entrevista à Banda B.

O secretário de Saúde de Araucária Carlos Andrade disse que a ideia de colocar o nome da fiscal foi justamente homenageá-la. “É uma singela homenagem nesse momento muito difícil de dor e perda, mas que fique como um símbolo. Um ato de intolerância, que veio tirar, de forma brutal e fatal, a vida de uma pessoa que estava em seu ambiente de trabalho”, disse ele.

Presente na inauguração do espaço, Helena Jalkoski dos Santos, funcionária e colega de trabalho de Sandra, lamentou a morte da trabalhadora e disse que espera justiça. “É um momento muito delicado, os pais estão sofrendo muito, o que pudermos fazer para apoiar, vamos fazer. Não podemos deixar cair no esquecimento, ela era uma batalhadora, uma mulher muito guerreira, não é justo o que aconteceu com ela. Queremos justiça”, disse ela.

Também funcionária do Condor e amiga de Sandra, Crislaine Maria Tenório lembrou que Sandra sempre estava disposta a ajudar os colegas. “Morrer dessa forma? Foi algo absurdo, ela estava lá atrás com o pessoal do hortifruti, passaram um rádio e ela foi lá para frente. Ela estava sempre disposta para todos aqui”, garantiu.

Caso

Um cliente teria se recusado a colocar máscara para entrar no Hipermercado Condor e, segundo testemunhas, um segurança foi chamado para conter o cliente e um disparo aconteceu, momento em que a funcionária foi atingida. Ela morreu na hora. O vigilante foi preso em flagrante, solto mediante fiança e responderá por homicídio culposo em liberdade. O cliente que teria iniciado a confusão por se recusar a usar a máscara segue preso.