Correio dos Campos

Mãe diz que filho sofre bullying após ser estuprado por padre: ‘Revoltante’

Padre havia sido preso em flagrante, mas teve a liberdade provisória concedida. Ele é suspeito de oferecer lanche em troca de favores sexuais a crianças em Guarujá.
10 de março de 2020 às 08:52
Padre Anderson de Moraes Domingues, de 43 anos, foi preso em flagrante em Guarujá (SP) acusado de estupro (Foto: G1 Santos)

O adolescente de 14 anos que foi estuprado por um padre dentro do banheiro de um shopping em Guarujá, no litoral de São Paulo, vem sendo vítima de bullying na escola desde o ocorrido, segundo relatou a mãe dele ao G1 nesta terça-feira (10). “Ele não quer nem ir para aula”, lamenta.

De família humilde, a mãe do menino, que prefere não se identificar, relata não ter condições para contratar um advogado. Segundo relata, nem a Justiça e nem a polícia a informaram sobre a soltura do padre. “Soube só no sábado, pelas redes sociais, com notícias divulgadas. Estou com medo porque não sei a intenção dele. Meu filho também ficou receoso, porque é revoltante. Aí eu penso que ele saiu e pode fazer com outra criança, ainda correndo o risco de ficar impune de novo”, diz.

Conforme relata, a família e o filho estão tentando seguir em frente após o ocorrido, mas o menino se tornou alvo de zombamentos, na escola, por parte dos colegas de classe. “O apelido dele no colégio ficou ‘padre’. Todo mundo zoa, todo mundo quer mexer com ele. Moro em uma favela e todo mundo ficou sabendo. Então ele não quer mais ir para escola. Desde que aconteceu aquilo, nenhuma autoridade me procurou para saber como ele está, ou me dar uma satisfação do caso”, relata.

Segundo conta ao G1, o filho segue traumatizado depois do ocorrido, principalmente pelo bullying que vem sofrendo. “Meu filho se tornou uma criança muito agressiva. Ele está passando até por psicólogo. Estou desempregada e meu marido também, então não temos condições financeiras nesse momento. O que me revolta é que esse padre não teve nenhuma compaixão pelo meu filho e pode não ter com outras crianças”, desabafa.

Conforme relata a mãe, o menino até chegou a fugir de casa. “O Conselho Tutelar até me procurou, porque encontrou um dia ele na rua. Ele falou que achava que não era mais amado depois de tudo isso”, lamenta.

O crime ocorreu em dezembro de 2019, no Shopping La Plage, localizado na Praia das Pitangueiras. A vítima estava com outro jovem de 13 anos e foi salva por seguranças que presenciaram o abuso e acionaram a polícia. O padre foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva decretada durante audiência de custódia ocorrida no dia 10 de dezembro.

Porém, a liberdade provisória foi deferida no dia 20 de fevereiro e ele foi liberado da Penitenciária José Parada Neto I, de Guarulhos, em São Paulo, onde estava encarcerado desde o crime. O advogado do religioso, Gilmar José Mathias Prado, explicou que ele está em liberdade, sob as condições cautelares de não se ausentar do endereço onde reside e não frequentar lugares suspeitos ou perigosos.

Como o caso segue em segredo de Justiça, por envolver menores, a defesa se limitou a dizer que o Ministério Público (MP) concorda que não houve o crime de estupro e que o juiz concordou que Anderson não oferece risco a sociedade, pois tem emprego lícito e endereço fixo.

Entenda o caso

O padre Anderson de São Paulo (SP) foi preso após ser flagrado em uma cabine de banheiro do Shopping La Plage, na Praia das Pitangueiras, em Guarujá. Às autoridades, as crianças relataram que estavam vendendo balas no semáforo quando o suspeito ofereceu lanches para elas. Elas aceitaram e ele as levou para o shopping.

Ao acompanhar o padre, o menino de 13 anos, já desconfiado, avisou um segurança do centro comercial de que o suspeito havia prometido pagar um lanche em troca de favores sexuais. Com isso, a equipe de segurança passou a observar Anderson e os meninos.Os seguranças invadiram o banheiro e o menino conseguiu sair pelo vão da porta. O religioso continuou no local e os seguranças arrombaram a porta para capturá-lo. O mais novo, de 13 anos, esperava ao lado de fora do banheiro.

A polícia foi acionada e todos foram conduzidos à Delegacia Sede de Guarujá. No local, os meninos confirmaram a versão dos seguranças para os policiais e, ainda, disseram que o padre fez sexo oral no garoto de 14 anos. Já o menor disse que o padre tocou no pênis do amigo.

Anderson chegou a ser preso em flagrante por estupro e favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável e encaminhado à cadeia anexa ao 1º DP da cidade. Segundo a polícia, um dos seguranças que acompanhava o caso afirmou que conseguiu ver o padre com a calça abaixada enquanto encostava o órgão genital nas nádegas do garoto de 14 anos, que também estava nu.

Fonte: G1