Correio dos Campos

Com primeiro caso no Rio e mais dois em SP, coronavírus chega a oito confirmações, diz Saúde

Ministério da Saúde anuncia também paciente confirmado no Espírito Santo. São 636 casos suspeitos em 22 estados
6 de março de 2020 às 08:12
Turistas e brasileiros desembarcam no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio. Foto: FABIANO ROCHA / Agência O Globo

RIO e BRASÍLIA — O Brasil já tem oito casos confirmados do novo coronavírus. São seis em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo. A paciente do Rio é da cidade de Barra Mansa, que fica no Sul fluminense.

Dois pacientes de São Paulo confirmam transmissão local do novo coronavírus dentro do país. Trata-se de duas pessoas que mantiveram contato com o primeiro paciente confirmado, um homem de 61 anos que tinha viajado para a Itália. De acordo com o infectologista David Uip, que coordena comitê de contingenciamento em São Paulo, uma das pessoas contaminadas é irmã do primeiro paciente e a outra, a sobrinha.

— O vírus está circulando dentro de um agrupamento de pessoas — disse Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde.

Porém, Wanderson projetou que, no inverno, o Brasil poderá ter transmissão comunitária, ou seja, sustentada:

— Para nós possivelmente será no inverno, porque na medida em que eu tenho mais casos ocorrendo, chegando ao Brasil, eu vou tendo a possibilidade de ter transmissão comunitária.

Segundo o Ministério da Saúde, os dois casos de transmissão local em São Paulo não entraram na lista de casos prováveis, ou seja, de pessoas bem próximas do paciente para o qual já estava confirmada a presença do vírus. Nos casos prováveis, não é preciso teste laboratorial. Basta apresentar sintomas para que o diagnóstico possa ser feito por critérios clínicos. Nos casos dos dois pacientes confirmados de transmissão local, os testes laboratoriais foram feitos normalmente.

O caso do Espírito Santo é de uma mulher de 37 anos que passou pela Itália, um dos países mais afetados pela epidemia.

Possível caso no DF

Um possível nono caso, o de uma mulher que está no Distrito Federal, ainda depende de contraprova. Segundo o Ministério da Saúde, ela viajou para o Reino Unido e também para a Suíça e manifestou sintomas ainda no exterior.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a paciente tem 52 anos e foi internada em uma UTI, embora já tenha melhorado das complicações iniciais que teve. Ela também teve febre e tosse. A paciente está no momento em um hospital particular, mas deve ser transferida ainda na noite desta quinta-feira para o hospital público de referência para o novo coronavírus em Brasília. Duas pessoas próximas a ela estão em isolamento domiciliar.

— Ela teve complicações iniciais, teve melhoras, mas mantém indicação de UTI — explicou o infectologista Eduardo Hage, da Secretaria de Saúde do DF, que não quis dar mais detalhes.

O laboratório de referência mais próximo para fazer a contraprova e confirmar o caso é o Laboratório Central (Lacen) de Goiás, mas o teste será feito pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Segundo a secretaria, fazer o teste no laboratório paulista vai permitir ter o resultado mais rapidamente. A amostra para a contraprova ainda vai ser enviada na sexta-feira.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que a ampliação da lista de países com transmissão local — levada em conta na hora considerar se um viajante que vem ao Brasil com sintomas é ou não um caso suspeito — já está influenciando os números do vírus no Brasil.

No possível caso do Distrito Federal, por exemplo, Suíça e Reino Unido não estavam na lista e foram incluídos recentemente. Para Gabbardo, os números vão aumentar mais a partir da semana que vem.

— Tenho convicção de que na próxima semana vamos ter uma ampliação de casos por causa dos Estados Unidos. Não temos ainda os casos suspeitos dos Estados Unidos. Deve ocorrer semana que vem. Não deu tempo ainda. Leva dois, três dias para ter sintomas, depois se consultar — disse Gabbardo.

Menina foi liberada do isolamento

Dos oito casos confirmados, sete apresentaram sintomas e estão em isolamento domiciliar. O outro é de uma menina de 13 anos que não teve sintomas, mas cujos testes apontaram a presença do vírus. Ela chegou a ficar em isolamento domiciliar, mas já não está mais. Segundo o Ministério da Saúde, a família dela, que também viajou, foi testada, mas o resultado deu negativo para o novo coronavírus.

Mesmo com a confirmação da transmissão local, o Ministério da Saúde segue, por enquanto, com as ações planejadas. A pasta já tinha programado uma reunião com especialistas, que está ocorrendo nesta quinta-feira, em que eles vão apresentar sugestões para as ações da pasta. Isso poderá levar a mudanças nos protocolos do para a contenção da Covid-19. Em ocasiões anteriores, a pasta já tinha informado que, com o passar do tempo, adequações poderiam ser feitas.

Há 636 casos suspeitos distribuídos por 22 estados. São Paulo, com seis casos confirmados, é também o estado com mais casos suspeitos: 182. Depois vêm Rio Grande do Sul (104), Minas Gerais (80), Rio de Janeiro (79) e Santa Catarina (54). Por região, são 346 no Sudeste, 178 no Sul, 64 no Nordeste,  41 no Centro-Oeste e sete no Norte. Outras 378 suspeitas já foram descartadas.

Fonte: O Globo