Correio dos Campos

Justiça absolve e solta vendedor que ficou 89 dias preso por engano em SP

19 de fevereiro de 2020 às 14:01
(foto: G1)

O vendedor Wanderson Gomes Brandão, 23 anos, foi absolvido e solto pela Justiça na segunda-feira (17) depois de ter ficado 89 dias preso por engano no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo. A sentença é do juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 29ª Vara Criminal de São Paulo.

Wanderson foi preso em 21 de novembro de 2019, durante uma abordagem de policiais militares na Vila Campestre, no Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo. Segundo os policiais, Wanderson teria participado do roubo seguido de dois carros no bairro, junto com outros três rapazes.

“Ainda não caiu a ficha, ainda acho que estou preso. Nunca quis roubar ninguém, nunca quis isso para minha vida. Agora, depois do que passei na cadeia tenho a certeza de que continuarei não querendo roubar ninguém”, disse Wanderson.

Segundo os policiais militares, o primeiro roubo aconteceu perto da Rua das Rolinhas, no mesmo bairro. O crime teria sido cometido por “Wanderson e outros três indivíduos desconhecidos, mediante violência e grave ameaça consistente na simulação de emprego de arma de fogo exercida contra as vítimas (…), tentaram subtrair para eles, bens pessoais das vítimas, não se consumando por circunstâncias alheias as suas vontades.”

De acordo com a versão das vítimas, Wanderson teria assumido o volante do carro e saído em alta velocidade. Instantes depois, eles teriam abordado um casal em um outro carro na mesma região. Os PMs informaram que iniciaram uma perseguição policial por cerca de 15 minutos, até encontrar Wanderson e outros três rapazes. Eles foram levados para a delegacia pare reconhecimento.

As vítimas fizeram o reconhecimento apenas de Wanderson e a prisão em flagrante dele foi convertida em prisão preventiva. Na audiência de custódia, uma das vítimas negou o reconhecimento de Wanderson.

“Só levaram em consideração a palavra da vítima do roubo, não levaram em conta a palavra de meu filho, que nunca teve passagem na polícia, tem ficha limpa, estava trabalhando como faz desde os 14 anos, no mesmo lugar, perto de casa. Eles não levaram em conta, por exemplo, que meu filho não sabe dirigir, nunca pegou um carro. Como ele poderia ter roubado e dirigido o carro da vítima?”, disse Luzinete Gomes Brandão, mãe de Wanderson.

O juiz Antonio Zorz concluiu a sentença afirmando que é “inegável que houve a ação de quatro agentes que consumaram o roubo de um veículo e na sequência tentaram subtrair outro veículo em que estava um casal. Contudo, se há certeza dos crimes, o mesmo não se pode dizer em relação à autoria.”

“Quero Justiça, quero que todos os envolvidos em me colocar na cadeia paguem pelo que fizeram. Eu paguei por algo que não fiz. O que eu vivi na cadeia eu nunca imaginei que passaria um dia. Quero meu nome limpo, quero poder andar na rua sem medo. Eu sei que sou inocente”, disse Wanderson.

Em resumo, o juiz afirma que “de um lado o reconhecimento efetuado pelos ofendidos que contrasta com uma diligência não certeira dos policiais de uma mesma viatura, acrescido de testemunhas de defesa que vieram ofertar álibi ao réu, além da comprovação de imagem e GPS de aparelho que indicam que o réu não poderia estar nos locais do assalto.”

Fonte: G1