Correio dos Campos

Explosão em apartamento: ‘A pena máxima é não ter meu irmão’, diz dona do imóvel em primeiro dia de audiência

6 de fevereiro de 2020 às 06:35
Um menino, de 11 anos, morreu após ser arremessado do sexto andar, e três ficaram feridos (Foto: Amanda Menezes/RPC)

A Justiça realizou a primeira audiência de instrução do caso da explosão em um apartamento durante a impermeabilização em um sofá, no bairro Água Verde, em Curitiba. Na tarde desta quarta-feira (5), foram ouvidas sete testemunhas de acusação.

“Eu espero que a Justiça seja feita, mas nenhuma pena que eles sofram vai ser maior do que a pena que a minha família está sofrendo. A pena máxima é não ter o meu irmão em casa. Eles [a empresa] sabiam o que estavam fazendo e tiraram a vida de uma criança”, disse Raquel Lamb, dona do imóvel.

Um menino, de 11 anos, morreu após ser arremessado do sexto andar e três pessoas também ficaram feridos. O incidente ocorreu no dia 29 de junho do ano passado. O apartamento ficou totalmente destruído.

Os três réus estavam presentes na audiência, sendo o casal, dono da empresa Impeseg responsável pela impermeabilização, Bruna Formankuevisky Lima Porto Correa e José Roberto Porto Correa, e o técnico, que estava realizando o serviço, Caio Henrique dos Santos.

Entre as pessoas que foram ouvidas nesta tarde, estão ex-funcionários da empresa, o delegado do caso e também Raquel Lamb e Gabriel Araújo, donos do apartamento.

Depoimentos
Dos quatro ex-funcionários ouvidos nesta quarta-feira, três afirmaram que não recebiam direito as orientações de segurança. Uma funcionária, que era responsável pelo atendimento ao cliente, disse que sabia que o produto era perigoso e que, inclusive, passou as orientações para o casal do apartamento.

A advogada dos donos do apartamento afirmou que eles não receberam as orientações de segurança, apenas um texto padrão afirmando que o produto era importado. O delegado também comentou que não encontrou evidências de que as questões de segurança eram repassadas nem para os funcionários.

Gabriel Araújo, dono do apartamento, relembrou o dia da explosão e disse que o técnico Caio Santos pediu apenas para abrir a janela.

Por fim, Raquel chorou muito durante a audiência desta quarta-feira e disse no dia não chegou a ver o técnico indo fazer o serviço na casa dela e que não tinha ideia do que poderia acontecer.

As defesas dos donos da empresa, do técnico e da família vítima não quiseram se manifestar. Em 10 de março, serão ouvidas as testemunhas de defesa.

Relembre o caso
Uma explosão foi registrada no imóvel e, então, houve o incêndio, conforme a Polícia Militar (PM). O apartamento fica no último andar do prédio, localizado na Rua Dom Pedro I.

As paredes do apartamento desabaram, e as chamas tomaram conta dos cômodos.

Uma moradora, que ficou presa nos escombros, gritava pedindo socorro. Dois homens entraram no apartamento para tentar ajudar. Um deles conseguiu chegar até a mulher e tirá-la dali.

Raquel Lamb, de 23 anos, o marido de Raquel, Gabriel de Araújo, de 27 anos, e o técnico Caio Santos, de 30 anos ficaram gravemente feridos. Mateus Lamb, de 11 anos, morreu após ser arremessado.

Fonte: G1