Correio dos Campos

Desespero: mulher clama ajuda após ameaças de morte do ex “vai pro colo do capeta hoje”

“Um dia eu achei que eu seria feliz com ele, mas nenhuma mulher merece ser tratada assim", desabafa a vítima
17 de janeiro de 2020 às 08:29
FOTO: REPRODUÇÃO RIC RECORD TV

Por volta das 23h desta quarta-feira (15), Marlana Yano, de 22 anos, veio a público para suplicar ajuda. Cansada e humilhada, a jovem moradora de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, soma pelo menos dez boletins de ocorrência e duas medidas protetivas que ainda assim a impedem de viver em paz.

Vítima de um relacionamento abusivo e violência doméstica, Marlana deixou o silêncio para brigar por si e todas as mulheres que já sofreram na mesma situação. De acordo com ela, o relacionamento com o pai da sua filha, hoje com três anos, foi marcado por violência e agressões físicas e verbais.

“Começou com um simples ciúmes que no começo era lindo mas no final virou uma obsessão, do ciúmes veio as ofensas e das ofensas vieram as agressões”, revelou Marlana.

Início das agressões

A primeira agressão física aconteceu quando Marlana estava grávida da filha – mas ainda não sabia. O casal já morava junto. Após o episódio, a jovem voltou pra casa da mãe, mas dois meses depois descobriu a gravidez que a fez voltar atrás na decisão.

Para ela, a ação se deu da única vontade de dar a filha uma família. Mas não foi isso que aconteceu.

“As ofensas continuaram, as perseguições e obsessões pioraram e eu resolvi dar um basta nessa situação. Esse foi o início de uma história longa, eu nunca mais tive paz, até porque o vínculo que vamos ter é eterno por ele ser o pai da minha filha então querendo ou não temos que manter o contato”, desabafou.

Cansada de enfrentar o medo e os absurdos a qual era submetida na vida a dois, Marlana terminou o relacionamento após dois anos juntos, mas isso também não foi o bastante. A jovem relata que o ex-companheiro age de uma maneira tão cruel, que em alguns momentos ela chegou a se sentir culpada pelo término da relação.

“Agressão física você sente uma dor por um tempo e aquilo passa, mas a agressão psicológica é um trauma que vou levar para o resto da minha vida”, conta entre lágrimas.

Nesta semana, Marlana resolveu procurar ajuda além das delegacias da Polícia Civil. Após receber uma mensagem do ex-sogro, a mulher entrou em desespero e fez uma publicação nas redes sociais.

hoje eu resolvi me expor pra todos vocês, hoje eu vim brigar por mim e por todas as mulheres que sofrem/sofreram…

Publicado por Marlana Yano em Quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

No áudio enviado pelo pai do ex-companheiro, em um aplicativo de troca de mensagens, o homem implorou para que a jovem fugisse do filho.

“Não fique em casa que ele falou que vai te matar hoje, não vai passar de hoje, tá bom? Falou que vai pra cadeia e vai sorrindo e vai não sei o que… Xingou nós de traidor que nós estamos protegendo a ‘queridinha’, que é a Marlana. Eu falei ‘cara vai se curar, você precisa de médico! Você vai matar a Marlana e vai pra cadeia e vai deixar a tua filha sem pai e sem mãe. É isso o que você quer? Vai se curar, rapaz! A hora que você se curar você venha falar comigo.’ Então vou te pedir Marlana, pelo amor de Deus, não fique em casa e fuja! Fuja pra onde você puder que ele não saiba! Não fique marcando bobeira, por favor, ou avise a polícia urgente, tá bom?”, declarou o ex-sogro.

“A justiça só funciona depois que a mulher já está morta”

Após o término, a mulher afirma ter sofrido inúmeras ameaças, agressões e perseguições. Dez boletins de ocorrência e uma medida protetiva em Colombo, onde mora, e outra em Curitiba.

“Eu to aqui hoje me expondo pra gritar pro mundo que eu não aguento mais”, suplica.

Na quarta-feira (15), Marlana afirma ter passado seis horas e 40 minutos na delegacia para prestar outro boletim de ocorrência, pois naquele dia ela foi mais uma vez jurada de morte.

“Escutei que hoje eu sentaria no colo do capeta (…). O pai dele mandou áudio mandando eu fugir que o filho dele estava vindo pra me matar. Depois de tudo isso eu ouvi da policial que não teria o que fazer, que infelizmente eu teria que esperar ele vir pra cima de mim pra depois ligar pra polícia, e que não adiantava eu sobrecarregar a polícia de boletins que não adiantaria nada (alegou ela quando viu que eu tinha mais de 10 boletins) Essa é a nossa justiça? (…). A JUSTIÇA SÓ FUNCIONA DEPOIS QUE A MULHER JÁ ESTÁ MORTA”, afirmou a vítima.

Refém e preocupada com o que pode acontecer com ela e contra própria filha, de apenas 3 anos, Marlana conversou nesta quinta-feira (16) com a equipe da RIC Record TV. Durante a entrevista uma nova surpresa. O ex-companheiro enviou novas mensagens com ameaças.

“Você é um lixo, fazendo campanha virtual contra mim sua vagabunda. E venha me pegar sua vagabunda, mas venha, não fique atrás do celular sua vagabunda, a gente se vê por aí sua puta. Você vai me pagar ainda Marlana, tua conta jamais será esquecida. Até no inferno eu vou te cobrar sua vagabunda”, escreveu o homem.

Diante da situação, o Governo do Estado, por meio do Conselho dos Direitos da Mulher, entrou em contato com o advogado de Marlana, se colocando à disposição para ajudá-la.

A cada dois minutos é registrado um novo caso de violência doméstica

No Paraná, somente em 2019, o estado registrou entre janeiro a junho 26.228 ocorrências de violência doméstica, um aumento de 24,6% em relação a 2018. No relatório, foram contabilizados ocorrências de agressão verbal e lesão corporal contra ambos os sexos, sempre dentro do ambiente doméstico.

De acordo com dados divulgados pelo 13° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2018 o Paraná registrou 16.021 casos em todo o estado, resultando em 44 casos por dia e uma ocorrência a cada 33 minutos, somente no que diz respeito a mulheres.

Levando em consideração os números do Brasil inteiro, um registro de violência doméstica ocorre a cada dois minutos no país. Em 2018 foram 263.067 casos de lesão corporal, registrando um aumento de 0,8%. Nos crimes de feminicídio, em 88,8% dos casos o autor foi o companheiro ou ex-companheiro da vítima.

Violência contra a mulher: como denunciar no Paraná

No Paraná existem 20 Delegacias da Mulher distribuídas em todas as regiões do estado, sendo esses os locais mais indicados para que as vítimas de violência doméstica busquem orientação.

  • Delegacia da Mulher de Apucarana
    Rua Erasto Gaertner, 786 – 2º andar – Apucarana – PR – CEP: 86.800-660 Fone: (43) 3423-0972 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Araucária
    Avenida Archelau de Almeida Torres 1181 – Bairro: Iguaçu – Araucária – PR – CEP: 83.702-580 Fone: (41) 3614-0500 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Campo Mourão
    Av. Manoel Mendes de Camargo, 230 – Centro – Campo Mourão – PR –
    CEP: 87.302-080 Fone: (44) 3523-4250 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Cascavel
    Av. Brasil, 8962– Coqueiral – Cascavel – PR – CEP: 85.807-030
    Fone: (45) 3226-2288/ 3326-8765– e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Cianorte
    R: Abolição, 538 – Cianorte – PR –
    Fone: (44) 3631-2169 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Cornélio Procópio
    Rodovia PR 160, KM 1,9, nº 1800 – Jardim Veneza – Cornelio Procopio – PR
    CEP: 86.300-000 Fone: (43) 3520-4950 – e-mail:   [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Curitiba
    Avenida Paraná, 870 – Centro – Curitiba – PR – CEP: 80035-130
    Fone: (41) 3219-8600 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Francisco Beltrão
    R: Ponta Grossa, 2262 – Centro – Francisco Beltrão – PR – CEP: 85.601-600
    Fone: (46) 3524-5305/3524-8168 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Foz do Iguaçu
    Av. Anhembi, 223 – Vila A – Foz do Iguaçu – PR – CEP: 85.851-000
    Fone: (45) 3521-2150– e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Guarapuava
    Rua Guaíra, 4284 – Bairro Batel – Guarapuava – PR – CEP: 80.015-280
    Fone: (42) 3626-2818/3630-1730 –  e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Jacarezinho
    Avenida Getulio Vargas 380 – Centro – Jacarezinho-PR (Prédio Novo)
    Fone: (43) 3511-0600 –  e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Londrina
    Rua Marcílio Dias, 232 – Vila Fujita  – Londrina – PR – CEP: 86.015-620
    Fone: (43) 3322-1633 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Maringá
    Rua Julio Meneguetti, 195 – Jd. Novo Horizonte – Maringá – PR – CEP: 87.010-230
    Fone: (44) 3220-2500 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Paranavaí
    Av. Heitor Alencar Furtado, 4300 – Jd. Paraiso – Paranavaí – PR – CEP: 87.708-000
    Fone: (44) 3421-1556 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Pato Branco
    Rua Xavantes, 269 – Centro – Pato Branco – PR – CEP: 85.501-220
    Fone: (46) 3220-0200 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Ponta Grossa
    Rua XV de novembro, 909 – Centro – Ponta Grossa – PR – CEP: 84.010-020 Fone: (42) 3309-1300 / e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de São José dos Pinhais
    Av. Senador Souza Naves, 484 – Centro  – São José dos Pinhais – PR – CEP: 83030-620
    Fone: (41) 3753-2050 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Toledo
    Rua Dr. Cyro Fernandes do Lago, 251 – Vila Pioneiro – Toledo – PR – CEP:  85.910-020
    Fone: (45) 3378-7300 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de Umuarama
    R: Japurá, 3358 – Zona I – Umuarama – PR – CEP: 87.501-110
    Fone: (44) 3639-6557 – e-mail: [email protected]
  • Delegacia da Mulher de União da Vitória
    R: Ipiranga, 444 – Centro – União da Vitória – PR – CEP:
    Fone: (42) 3522-5898

Nas cidades onde não existe uma Delegacia da Mulher, as denúncias de qualquer tipo de abuso devem ser feitas na Delegacia de Polícia Civil, ou pelos números 180 ou 181.

Em casos de emergência, a orientação é de que a vítima ou testemunhas acionem a Polícia Militar pelo 190.

Fonte: RicMais