Correio dos Campos

Dom Sergio fala em audiência conciliatória sobre área ocupada em Castro

Fala do bispo abriu audiência conciliatória em que o juiz responsável pelo caso decidiu pela suspensão da reintegração de posse no município
26 de setembro de 2019 às 10:53
Bispo dom Sergio foi o primeiro a falar na audiência desta quarta-feira. (Rosângela Rigoni)

COM ASSESSORIAS – O bispo dom Sergio Arthur Braschi abriu a audiência desta quarta-feira (25) entre representantes das 150 famílias do Acampamento Maria Rosa, da Advogacia Geral da União, do Ministério Público, Cooperativa Castrolanda, Fundação ABC, Sindicato Rural, Polícia Militar, advogados e o juiz o Antônio César Bochenek, do Tribunal Regional Federal da 4a Região. A área que fica dentro da Fazenda Capão do Cipó, em Castro, pertence a AGU e está ocupada pelos sem-terras desde setembro de 2015. Em sua fala, dom Sergio mostrou sua preocupação com a saúde psicológica das famílias, a insegurança de não saber se vão ficar na terra, as crianças que estudam, enfim, com a integridade dos acampados.

“A área pertence à União, ou seja, terra pública, onde, pela Constituição, a reforma agrária tem prioridade. A audiência de hoje não teria saído se o bispo não tivesse saído em defesa das famílias, da vida, das crianças, das mulheres, bem na linha da Doutrina Social da Igreja”, comenta a integrante do Conselho Fiscal da Cáritas, Rosângela Rigoni, que, ao lado de dom Sergio, acompanha a situação. Conforme Rosângela, há uns dois meses os moradores do Acampamento Maria Rosa receberam uma ordem judicial de reintegração de posse. “Depois disso, o bispo fez gestões em Brasília e aqui na região, tentando uma conciliação”, acrescenta, citando audiência dele com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, dia 16 de julho.

Nesta quarta-feira, o juiz acabou por suspender a reintegração de posse, marcando nova audiência para o dia 29 de outubro. “Para chegar a uma solução que garanta os direitos humanos das famílias acampadas. E a presença de dom Sergio foi fundamental, tanto das outras vezes quanto hoje”, enaltece Rosângela. Para o coordenador do Acampamento Maria Rosa, Célio Meira, a fala de dom Sergio deu o tom da negociação. “Estamos abertos às negociações. O trabalho do CTP (Centro de Treinamento Pecuarista) tem de ser respeitado, a vinda do Instituto (Federal) não atrapalha em nada o acampamento, e, caso, a Cooperativa (Castrolanda) queira manter a permuta das áreas em troca da Fazenda do Cipó, estão abertas as negociações. Queremos que todas as partes tenham suas demandas contempladas”, argumenta.

Conforme Meira, a audiência foi acompanhada por mais de 50 trabalhadores sem-terra, tanto do Maria Rosa quanto do Acampamento Emiliano Zapata, de Ponta Grossa. O coordenador lembra que o Instituto Federal protocolou, há um ano, pedido de cessão de área para a construção de uma unidade no município mas que não estipulou em nenhum momento que o local fosse o do Acampamento Maria Rosa ou na Fazenda Capão do Cipó. “O juiz fez papel de mediador e, ao final, suspendeu a reintegração de posse por mais 60 dias. Dia 29 de outubro, teremos outra reunião com a AGU em Curitiba, só com as lideranças, para tirar proposta sólida para apresentar ao juiz. Ou seja, o magistrado acha que há campo para negociar, espaço para avançar ou retroceder ambas as parte ou avançar juntas, encontrar um meio termo. Está sendo sensato para chegar a uma saída pacifica”,