Correio dos Campos

Funcionários do Parque Histórico participam de workshop de acessibilidade

17 de dezembro de 2019 às 16:57
(Divulgação)

COM ASSESSORIAS – Sertir-se no Outro foi o tema do workshop de acessibilidade realizado para a equipe do Parque Histórico de Carambeí por Bruna Pontes, especialista em educação especial e inclusão. Participaram da atividade integrantes dos Núcleos: Mediação, Comunicação e Mídia, Educativo, História e Patrimônio.

O Parque Histórico é um museu e tem grande preocupação em oferecer um atendimento diferenciado para os visitantes, assim tratar cada indivíduo de forma única. A instituição museal detectou na realização de oficinas, palestras e workshop de acessibilidade uma maneira de treinar os funcionários, para que estes possam se aprofundar na temática, fazer uma reciclagem, assim atender o público em suas distintas necessidades especiais.

“Os museus na contemporaneidade têm suas práticas norteadas pelo princípio do acesso universal aos bens culturais: é necessário que os espaços museais estejam em condições de receber o mais diversificado público, garantindo a entrada, a livre circulação e a saída de todos os visitantes, do mesmo modo que a equipe deve estar preparada para fornecer todas as informações necessárias para melhor fruição da visita, da maneira mais apropriada possível, levando em consideração diversas variáveis: dificuldades ou facilidades de lidar com a informação, imposição da voz, entonação, empatia”, Fernanda Hrycyna, integrante do Núcleo Educativo do Parque, fala da importância dos espaços museais se prepararem para receber todos os tipos de públicos.

O workshop Sentir-se no Outro foi realizado pela primeira vez no Parque Histórico em 2016 e retorna para o calendário interno de atividades neste ano. Deste modo, para que a equipe não só ouvisse falar em acessibilidade, mas pudesse sentir as dificuldades de uma pessoa com necessidades especiais ao visitar o Parque, detectar possíveis obstáculos e melhorias a serem realizadas.

Bruna explica que encontrou inspiração para criar o workshop nas pequenas atividade diárias que pessoas portadoras de necessidades especiais precisam realizar. “A correria do dia a dia nos faz tornar tudo mecânico. Inclusive o nosso lado humano, minimizando as reflexões sobre a necessidades de quem está próximo de nós. Busquei fazer uma vivência simples em locais conhecidos pelos participantes, porém, sob uma nova perspectiva: o desafio de ter alguma necessidade especial”.

Renan Lima, acadêmico de Licenciatura em História na Universidade Estadual de Ponta Grossa e estagiário no Núcleo de Mediação do museu, trabalha diretamente com o atendimento dos visitantes, descreve essa experiência como enriquecedora e conta as dificuldades encontradas no caminho que percorre várias vezes durante o dia. “Foi excelente o workshop, a partir dele pudemos sentir em primeira pessoa as dificuldades que alguns visitantes encontram ao caminhar pelas trilhas do Parque Histórico. Fiz o trajeto com vendas nos olhos e me surpreendi com os obstáculos que uma pessoa com deficiência visual tem que lidar, mesmo nos trajetos que percorro repedidas vezes, todos os dias, encontrei inúmeras dificuldades. Tudo isso que aparentemente é simples demais nos possibilitou experimentar o mínimo o cotidiano de um visitante com necessidades especiais. A atividade nos fez refletir sobre a dimensão sentimental que o nosso trabalho carrega, especialmente o atendimento de públicos diversos e que encontramos riqueza nas diferenças”.

Como o estagiário que fez o passeio vendado, cada funcionário da equipe do museu utilizou de algum recurso para entender as dificuldades do outro, para se compreender o que sente uma pessoa com dificuldade especial ao visitar o museu. Alguns fizeram a visita de olhos vendados, outros como pesos nas pernas para entender as dificuldades de um idoso durante o percurso, teve funcionário que usou protetor auricular e fone para não ouvir, um dos integrantes da equipe do Parque fez o passeio de cadeira de rodas. Cada atividade proposta por Bruna foi pensada para que os funcionários do museu sentissem as dificuldades dos visitantes com necessidades especiais.

“A partir do momento em que nos colocamos no lugar do outro, sentindo as dificuldades e anseios, passamos a nos sensibilizar e estar atentos a satisfazer esse outro, independente se sua necessidade é uma cadeira de rodas, uma condução explicada ou até mesmo um simples sorriso”, Bruna fala da importância de se colocar no lugar de cada pessoa que visita o Parque.

A estagiária Karen Barros, integrante do Núcleo de História e Patrimônio do museu, falou da vivencia proposta na atividade e como isso influenciará em seu trabalho e como será a partir de agora o seu modo de pensar ao preparar as exposições. “Foi uma experiência muito significativa, se colocar no lugar do outro é um treinamento que devemos levar para a vida. Na sociedade existem pessoas com as mais variadas características e necessidades especiais, é importante estar no mínimo familiarizada com essa diversidade. Mesmo não trabalhando diretamente com o público, acredito que a experiência contribuiu muito para o trabalho realizado no Núcleo de História e Patrimônio. A maneira como as exposições estão postas, os recursos visuais e sonoros utilizados, esses detalhes refletem na experiência desse visitante sendo importante conhecer as dificuldades para não tornar essa vinda ao museu insatisfatória ou pouco proveitosa”.

Lucas Kugler, historiador do Núcleo Educativo do museu, afirma que é importante conhecer o público que visita o Parque e a partir daí desenvolver ações realizadas pela instituição. “O workshop foi importante para estimular a sensação de estar no papel do outro. Não apenas no sentido empático, mas também para entender a realidade das pessoas com necessidades especiais. O Parque Histórico de Carambeí é o maior museu histórico a céu aberto do país – o seu percurso é extenso e precisa ser acessível. Sentir as limitações dessas pessoas nos ajuda a pensar em como trabalhar com um dos aspectos mais importantes do museu; o aspecto humano. A atividade contribuiu bastante para desenvolvermos novas perspectivas de acessibilidade e de atendimento universal. O museu é um centro de conhecimento, mas, para informar, antes de tudo é preciso conhecer quem o visita”.

Fernanda reforça sobre o dever que o museu tem em cuidar que o público vivencie cada momento na instituições e que se adeque para atender cada indivíduo com suas particularidades. “A atividade realizada com a equipe do Parque Histórico foi um verdadeiro exercício de empatia. Poucas vezes nos colocamos realmente em uma situação análoga ao da pessoa que tem baixa visão ou é cega, com algum nível de surdez, ou até mesmo com alguma dificuldade de interação social ou de locomoção. Conhecemos o Parque Histórico tão bem, mas muitas vezes nos esquecemos das dificuldades que os visitantes encontram ao percorrer suas alas. Além de garantir o acesso às exposições, o museu deve se preocupar em incluir o visitante no espaço museal, garantindo-lhe o direito à fruição cultural, uma experiência completa, que o retire do lugar de mero espectador, mas o transforme em cidadão ativo”.