Correio dos Campos

Famílias brasileiras pagam mais dívidas e tributos e poupam menos

7 de outubro de 2019 às 16:53

VALOR ECONÔMICO/Ocepar – As famílias estão com menos espaço no orçamento para a compra de ativos como imóveis, terrenos e títulos de capitalização, ao mesmo tempo em que precisam dedicar uma parte maior da renda para reduzir suas dívidas e pagar tributos. O retrato está na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgada na sexta-feira (04/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Despesas médias – De acordo com a pesquisa, as despesas médias das famílias somam R$ 4.649,03 por mês, dos quais apenas 4,1% eram dedicados ao “aumento do ativo”, como aquisição de imóveis, terrenos e títulos. É uma proporção menor do que a registrada em versões anteriores do levantamento, como 2002-2003 (4,8%) e 2008-2009 (5,8%). Isso significa, na prática, que os brasileiros poupam menos.

Redução do passivo – Também sobre essas despesas totais, as famílias estão dedicando 3,2% do orçamento para a “diminuição do passivo”, o que significa pagamentos de débitos, juros e empréstimos pessoais e prestações. Essa proporção era de 2% na pesquisa de 2002-2003 e de 2,1% na pesquisa de 2017-2018. Ou seja, o brasileiro passou a ter uma parcela maior de suas despesas totais comprometidas com pagamento de dívida.

Crise econômica – Para André Martins, gerente da pesquisa do IBGE, os resultados podem estar relacionados com a crise econômica enfrentada pelo país nos últimos anos. “A IBGE: Gastos com transportes superam os de alimentação pela 1ª vez. Renda média das famílias do Centro-Oeste supera a do Sudeste, diz IBGE.

Capacidade menor – Para André Martins, gerente da pesquisa do IBGE, os resultados podem estar relacionados com a crise econômica enfrentada pelo país nos últimos anos. “A capacidade de as famílias adquirirem ativos diminuiu ao longo dos anos e as despesas correntes ficaram estáveis em termos de peso no orçamento”, disse o pesquisador, durante entrevista coletiva para explicar os números da pesquisa.

Peso do governo – Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, 11,7% do orçamento dos brasileiros passou a ser destinado ao pagamento de tributos, proporção maior do que a registrada em 2008-2009 (10,9%). Um levantamento mais antigo, de 1974 a 1975, mostrava que essas despesas com tributos respondiam por 5,3% do orçamento naquela época.

Mudança nas prioridades – A pesquisa mostra, em geral, uma significativa mudança nas prioridades de despesas familiares desde a década de 70. Naquela época, as famílias carimbavam 16,5% das suas despesas para “aumento do ativo”. Esse grupo, é bom frisar, não inclui as despesas com aquisição de veículos, que ficam contabilizadas no quesito chamado “despesas de consumo”. Este responde por 81% das despesas.

Despesas e rendimentos – A Pesquisa de Orçamentos Familiares tem como objetivo mensurar as despesas e rendimentos das famílias. Para chegar aos números, o IBGE visitou 57.920 domicílios em 1.900 municípios, no período de junho de 2017 a julho do ano passado, representativos do universo de 69 milhões de domicílios existentes no país. As famílias responderam questionários e preencheram cadernetas de despesas.

Valores deflacionados – O IBGE não apresentou valores deflacionados das despesas da POF 2008-2009, o levantamento anterior, para fins de comparação. O gasto das famílias naquele ano era de R$ 2.626,31. Este valor corrigido pelo IPCA de janeiro de 2018 (data de referência atual) equivale a R$ 4.476,45. Ou seja, a despesa teria crescido só 3,8% em relação ao valor atual no acumulado de nove anos.