Correio dos Campos

Humanos e pets: muito em comum

14 de novembro de 2018 às 09:31
Lúpus, diabetes e cardiopatias são algumas das doenças compartilhadas por humanos e pets. (Divulgação)

COM ASSESSORIAS – Considerados como membros da família, os pets têm ocupado um espaço cada vez maior nas casas, com mais proximidade e compartilhamento de tempo. A mudança de comportamento dos tutores fez com que eles passassem a ter um melhor acompanhamento, principalmente na área de saúde, que se tornou preventiva em vez de curativa. “Ano a ano, vemos como os donos têm se preocupado mais com seus animais, investindo em alimentação, segurança e saúde. Mas, acima de tudo, eles têm ficado mais atentos às alterações de comportamento e físicas, permitindo uma rápida intervenção quando algum sintoma se manifesta”, comenta o médico veterinário e responsável técnico do HiperZoo, Adolfo Sasaki.

Essa alteração de comportamento dos donos, somada aos avanços da medicina veterinária, resultou no aumento da expectativa de vida dos pets. E o resumo de tudo isso é a incidência cada vez maior de doenças “humanas” em cachorros e gatos. Segundo Sasaki, assim como acontece com os humanos, a vida mais longeva faz com que haja maior observação de doenças como diabetes e câncer nos pets. Entretanto, a manifestação de patologias comuns acontece pelas similaridades compartilhadas entre mamíferos, que vão desde a presença de pelos até na forma como funcionam os sistemas digestivo, reprodutor e respiratório. “Essas doenças sempre existiram, mas devido à falta de acompanhamento ou tecnologia, não recebiam o prognóstico correto”, complementa o médico veterinário.

Conheça algumas das doenças e problemas de saúde que humanos e pets compartilham:

Câncer

Câncer é o nome dado ao crescimento desordenado e anormal de células. Podem se manifestar em forma de neoplasias benignas ou malignas, sendo que estes se replicam rapidamente, invadindo tecidos e se espalhando para outras partes do corpo. Dentre os tumores mais comuns em pets estão os de mama (que podem ser prevenidos com castração), de pele (ocasionados pela exposição à radiação solar) e o venéreo transmissível (comum no Brasil pela falta de castração, mas com alta taxa de cura). O tratamento do câncer é idêntico ao realizado em humanos, com o uso de quimioterapia, radioterapia e intervenção cirúrgica. “Há muita semelhança genética entre humanos e cães, e isso até tem ajudado em pesquisas e tratamentos para combater o câncer”, acrescenta o responsável técnico do HiperZoo.

Diabetes

O diabetes é a elevação de glicose no sangue que, se não tratada, pode prejudicar o funcionamento de diversos órgãos, como rins, olhos e coração. Nos pets, os primeiros sinais da doença podem ser emagrecimento (mesmo com ingestão normal de alimentação), consumo alto de água e muita urina. Assim como nos humanos, a obesidade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes. Fatores genéticos também influenciam na aparição da doença, que pode ser do tipo 1 ou 2 em cães e gatos, e o tratamento inclui exercícios físicos, dieta controlada e, algumas vezes, aplicação de insulina.

Lúpus

O lúpus é uma doença autoimune e sem cura, que tem duas variações nos cachorros: afetando somente a pele (lúpus eritematoso discoide – DLE) ou o corpo todo (lúpus eritematoso sistêmico – LES). A doença se manifesta por meio de inflamações em diversas partes do corpo do animal, como pulmões, corações e pele (com bastante frequência na pele da face e do focinho). Os casos de LES demandam mais atenção, uma vez que podem resultar em insuficiência renal e anemia, além de quadros mais graves que podem provocar o óbito. Alguns dos sintomas são febre, aumento do volume de urina, gengivas pálidas e dores nos membros inferiores. Já as ocorrências de DLE se manifestam em forma de lesões ou feridas. A despigmentação do focinho e a perda de ranhuras são exemplos de prognósticos. Algumas das raças que têm mais predisposição para o desenvolvimento da patologia são Pastor Alemão, Poodle e Beagle.

Cardiopatias

Problemas cardíacos são bem comuns em pets, sendo que 10% dos cães jovens manifesta alguma alteração. O caso mais frequente de cardiopatia é a insuficiência mitral, quando a válvula mitral não fecha totalmente, ocasionando no retorno para os pulmões de um pequeno volume de sangue. “A falta de ar e tosse são sintomas comuns dessa patologia, que é diagnosticada por meio de uma ecografia”, comenta Sasaki. O médico veterinário tranquiliza os tutores: “se tratada corretamente, é possível da cardiopatia não progredir. Por isso, é importante o acompanhamento veterinário e a administração correta da medicação recomendada”.

Tártaro

O tártaro é uma doença muito comum em cães e gatos, uma vez que grande parte dos tutores não investe tanto tempo na higiene dentária dos pets. Essa patologia ocorre quando há a formação de placa bacteriana nos dentes, ocasionada por restos de alimentos. “Além do mau hálito, essa situação pode resultar em outras doenças e infecções graves, como a meningite. Nesse caso, se houver evolução e atingir a corrente sanguínea do pet, pode levar ao óbito do animal”, alerta Sasaki. Além da escovação e uso de produtos para atenuação da placa bacteriana, é possível efetuar a limpeza dos dentes do animal em intervenção cirúrgica simples, mas que demanda anestesia para garantir que o pet não se machuque.