Correio dos Campos

Segundo idioma: qual é a melhor idade para começar?

* Por Tatiana Salomão - Coordenadora de Internacionalização do Colégio Marista Anjo da Guarda
25 de outubro de 2018 às 19:55
(Divulgação)

Aprender outro idioma há tempos deixou de ser uma opção para se tornar uma exigência. Pesquisas mostram que grande parte das empresas pedem ao menos o domínio do inglês para os futuros colaboradores, quando não pedem também espanhol ou um idioma europeu. Além da questão profissional, compreender outro idioma amplia os horizontes e facilita o acesso a conteúdos e experiências que poderiam ser limitadas sem esse conhecimento.

Para quem tem filhos pequenos, sempre há a dúvida a respeito da melhor idade para começar a aprender uma nova língua. Os pais se dividem entre os que acreditam que é melhor esperar para não sobrecarregar a rotina da criança e os que apostam na facilidade de aprendizado dos pequenos, que estão descobrindo o mundo.

Recentemente, pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) comprovaram o que em parte a experiência no ensino de inglês para crianças já havia mostrado: o período entre 0 a 18 anos seria o ideal para aprender regras gramaticais e um novo idioma. A pesquisa sugere que jovens na faixa etária de até 17 ou 18 anos estão no auge da curva de aprendizado gramatical ou de um novo idioma. A partir daí, ainda é possível aprender, claro, mas será cada vez mais difícil e praticamente impossível conseguir falar como um nativo. Aliás, para conseguir se aproximar da fluência de um falante nativo do idioma, o ideal seria começar a estudar pelo menos até os dez anos de idade, aponta a pesquisa.

Para Joshua Hartshorne, professor de Psicologia no Boston College, responsável pela condução do estudo no MIT, os primeiros anos de vida são, portanto, os melhores para aprender uma nova língua. Até os dez anos de idade, seria o período ideal para começar a aprender outro idioma, mas a partir disso já começamos a notar um declínio na capacidade de apreender conteúdo.

Ao longo dos anos, é possível notar e comprovar que quanto mais cedo a criança é exposta a novos idiomas, melhor e mais ampla será a aprendizagem. Nos primeiros anos de vida aprendemos o que há de mais essencial para viver, e é o melhor momento para captar o que há no mundo. Crianças aprendem mais facilmente porque não fazem distinção entre os idiomas: para elas é natural falar tanto sim como yes, por exemplo, e construir frases de maneira mais prática do que um adulto.

É claro que a aprendizagem nos primeiros anos acontece de uma forma diferente, com base em experiências lúdicas como contação de histórias, cantação de músicas, entre outras. Mas esses vocabulários aprendidos já multiplicam as possibilidades de compreensão do mundo dos pequenos, ainda mais em um ambiente conectado como o em que vivemos. Então, jogos, vídeos e outras experiências podem ser vivenciadas tanto em português como em inglês, por exemplo. A questão cultural como um todo é ampliada e a criança só tem a ganhar com isso.

A rapidez do aprendizado também e notável. O adulto é muito mais lógico e cria muito mais barreiras do que as crianças, que não têm medo de formar frases e compor sentenças sem medos, filtros ou vergonha.

Os pesquisadores do MIT avaliaram cerca de 600 mil pessoas para analisar as curvas de aprendizado e identificar as faixas etárias que mais conseguem absorver as informações. O que ainda não foi explicado é a razão desse declínio após os 18 anos. Pode ser uma mudança biológica, social ou até comportamental. As crianças tendem a ser mais curiosas, pois querem saber tudo, entender tudo e dominar o mundo que está a sua volta. À medida que vão se tornando jovens, os interesses se tornam mais específicos e direcionados, o que talvez explique essa curva de aprendizado. Porém, não há dúvidas que aprender um segundo idioma oferece benefícios para alunos de todas as idades. Com um vocabulário maior e uma opção mais ampla de entendimento, as crianças conseguem captar muito mais do mundo do que o fariam em um só idioma.