Correio dos Campos

Lideranças do setor leiteiro manifestam contra crise de preços

17 de outubro de 2017 às 12:36

Lideranças do setor leiteiro e produtores rurais reuniram-se nesta segunda-feira (16/10), no parque de exposições de Prata (MG) para discutir a importação do leite em pó do Uruguai e os atuais preços praticados no Brasil. Foi uma mobilização nacional de produtores, cooperativas de lácteos e sindicatos para o fortalecimento da cadeia de lácteos com o objetivo de reivindicar ações de defesa e apoio da cadeia produtiva do leite por parte do governo federal.

Alerta – Com o lema “SOS Leite – Balde Cheio, Bolso Vazio”, a meta era alertar as autoridades sobre o risco que há para o setor de a crise crescer ainda mais. Uma carta com reivindicações foi entregue em mãos ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Cerca de mil pessoas compareceram ao evento, organizado pelo Núcleo dos Sindicatos Rurais e Fecoagro Minas Leite, com forte apoio dos Sistemas OCB e Ocemg. Dentre outras autoridades, estiveram presentes o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, os deputados Domingos Sávio e Marcos Montes.

Apresentação – O coordenador da Câmara do Leite do Sistema OCB, Vicente Nogueira fez uma apresentação sobre a cadeia produtiva do leite reforçando a sua importância econômica-social, os pontos fortes de competitividade da pecuária de leite nacional, as tendências de consumo, a balança comercial e os pleitos do setor e das cooperativas. Foi um alerta às autoridades sobre os riscos de a atual crise no setor leiteiro se aprofundar, caso não sejam definidos mecanismos que garantam renda para o setor, especialmente dos produtores rurais.

Importação do Uruguai – Um dos pontos altos da discussão foi a importação de leite em pó do Uruguai, mostrando os impactos dos surtos ocorridos em 2016 e a importância do estabelecimento de um acordo entre os setores privados do Brasil e do Uruguai, como atualmente existe com a Argentina. Essa discussão reforçou a importância da suspensão das importações de leite em pó do Uruguai, anunciadas na semana passada pelo ministro Blairo Maggi.

Reflexo negativo – “As importações estão refletindo negativamente no preço do leite. Com a suspensão anunciada pelo ministro, acreditamos que o preço interno do leite volte a reagir em breve. Mas esta medida precisa ser mantida por um longo período para que essa reação positiva aconteça. Também precisamos de políticas públicas de estímulo ao consumo interno do leite no Brasil. O produtor de leite precisa se unir. Só assim seremos mais fortes e conseguiremos melhores condições para o desenvolvimento da pecuária leiteira do Brasil”, disse o presidente da Girolando, Luiz Carlos Rodrigues.

Reivindicação – A associação vinha reivindicando há alguns anos a suspensão das importações do Uruguai ao governo brasileiro, tanto via Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados, da qual faz parte, como também em audiências públicas, como a promovida em agosto deste ano pela Câmara dos Deputados. Dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) apontam que nos primeiros seis meses deste ano foram importadas 41.811 toneladas de leite em pó do Uruguai, com tarifa zero. Para o presidente da Girolando, trata-se de uma concorrência desleal que está contribuindo para aprofundar a crise vivida pela pecuária leiteira.

Livre mercado – Em resposta, Maggi defendeu o livre mercado como forma de alavancar o crescimento do setor, e ressaltou como o produtor rural pode conseguir competir no mercado. “Entendo a importância do leite e das demandas do setor. E reitero que o governo está disposto a agir de forma a viabilizar o acordo entre privados com o Uruguai. Farei tudo que estiver ao meu alcance”, garantiu o ministro.

Organização – “Foi um manifesto que mostrou a organização em uma só voz de todas as entidades representativas do setor, o que considero extremamente positivo. O impacto do preço do leite na vida do produtor é, sem dúvida alguma, muito forte. O leite corresponde ao salário do produtor, bem assim, de forma imediata. E nos últimos tempos chegamos a registrar uma queda de quase 50% no valor pago a eles. Uma diferença muito grande, que o produtor não tem como suprir, pois não tem outra fonte de renda”, avaliou o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas. Que completou: “Nós, do Sistema OCB, percebemos o movimento, entendemos a importância desta agenda positiva e vamos contribuir com o ministro Maggi fornecendo os dados e todo o diagnóstico do setor para viabilizar essas melhorias”.

Apoio – O evento teve fim com o pedido de Blairo Maggi aos produtores para que o apoiem para fortalecê-lo em ações junto aos demais membros do governo federal. E ficou acertado que o setor produzirá uma agenda positiva de intenções a serem trabalhadas em breve junto ao presidente Michel Temer. (Informe OCB/Ocepar)