Varíola dos macacos no Paraná: tudo o que se sabe até agora
Depois de enfrentar mais de 2 anos da pandemia do coronavírus, que provocou mais de 600 mil mortes em todo o Brasil, uma nova doença tem chamado a atenção nas últimas semanas: a varíola dos macacos, conhecida como monkeypox. Também causada por um vírus, a nova doença deixa a população, que já está ‘traumatizada’ pela Covid-19, com medo e em alerta. Mas será que toda esta preocupação se justifica?
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (SESA-PR), a resposta é simples: não. De acordo com um posicionamento oficial do órgão, enviado para a reportagem do RIC Mais, os casos estão sendo monitorados, mas não há indícios de que a situação vá chegar nem perto do que foi visto em relação ao coronavírus.
O principal motivo para evitar o alarde é que a varíola dos macacos é muito menos contagiosa do que outras patologias virais. “Sua transmissão precisa de um contato íntimo e prolongado, não tendo um risco alto de propagação”, ressalta a SESA-PR. De acordo com estudos, ela é menos contagiosa e letal do que a própria varíola comum, já conhecida há anos.
Mas e se, mesmo assim, eu pegar a doença? Devo ficar preocupado? A Secretaria esclarece que todos os casos precisam ser acompanhados de perto, mas tranquiliza a população. “Trata-se de uma doença que não tem apresentado impacto grave à saúde pública. Além disso, tem apresentado uma baixa mortalidade e letalidade, com manifestações clínicas leves”. Ou seja, há chances bastante remotas de que a monkeypox provoque uma nova pandemia.
Diferença genética
O posicionamento da SESA-PR é semelhante ao da médica infectologista Camila Ahrens, entrevistada no final de maio pelo RIC Mais. “Está longe de a varíola dos macacos se tornar uma pandemia. A primeira razão é que é muito difícil transmitir de pessoa para pessoa, ao contrário de um vírus respiratório como o Sars-Cov-2 [a Covid-19]”, afirmou ela.
A médica explicou ainda que existe uma diferença fundamental entre o vírus da varíola dos macacos e a Covid-19: a composição genética. “A varíola dos macacos é um vírus de DNA relativamente grande, que sofre mutações a uma taxa mais lenta do que os vírus de RNA, como coronavírus ou vírus influenza. Os vírus de DNA têm sistemas melhores para detectar e reparar mutações do que os vírus de RNA, o que significa que é improvável que o vírus da varíola dos macacos tenha sofrido mutações repentinas ou em alta taxa para alcançar uma relevante transmissão humana ou manifestar alta variabilidade”.
- Homem, 31 anos. Data da confirmação: 03/07
- Homem, 27 anos. Data da confirmação: 06/07
- Homem, 29 anos. Data da confirmação: 11/07
- Homem, 25 anos. Data da confirmação: 13/07
- Homem, 28 anos. Data da confirmação: 13/07
- Homem, 29 anos. Data da confirmação: 13/07
Há ainda outros 11 casos suspeitos, nas cidades de Curitiba (4), Maringá (2), Cascavel, Londrina, Pinhais, Ponta Grossa e São José dos Pinhais. Todos os exames para a detecção da doença no Estado passam pelo Laboratório Central do Paraná (Lacen).
Mesmo com poucos casos, a Secretaria Estadual de Saúde afirma que criou um grupo técnico para condução, investigação, supervisão e encaminhamentos relacionados à doença. “Foram elaboradas notas técnicas, além de reuniões com as Regionais de saúde para sensibilização e preparação da rede para identificação oportuna de casos suspeitos. A Sesa mantém um constante monitoramento justamente para facilitar o controle da doença”, ressaltou o posicionamento oficial do órgão.
Ainda segundo a SESA-PR, há um protocolo estabelecido para casos suspeitos e confirmados, que se inicia nas secretarias municipais de Saúde de cada cidade. “O monitoramento dos casos suspeitos, confirmados e seus contatos, é realizado pelas secretarias municipais de Saúde. A orientação é que, diante de um caso suspeito, o mesmo seja isolado e todos os seus contatos passem a ser monitorados diariamente, no período de 21 dias”.
Caso algum contato apresente sintomas, a SESA-PR explica que esta pessoa deverá ser isolada e conduzida como caso suspeito também, de modo a diminuir o risco de ocorrência de novos casos. “Os casos confirmados também passam pelo mesmo monitoramento diariamente, sendo encerrados somente após o desaparecimento completo das lesões”.
Origem da doença
Mas afinal, por que a doença se chama ‘varíola dos macacos’? De acordo com o Instituto Butantan, a doença se originou a partir da descoberta inicial do vírus, em 1958, por um laboratório dinamarquês. A princípio, o vírus infectava apenas macacos, daí o nome da doença, também chamada de monkeypox.
O primeiro caso humano foi identificado em uma criança na República Democrática do Congo, em 1970. Não há certeza sobre como o vírus passou dos macacos para os humanos. A ingestão de carne e outros produtos de origem animal mal cozidos de animais infectados é um possível fator de risco, indica a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Existem duas linhagens do vírus, chamados de ‘clados’. Com uma taxa de mortalidade de 3,6%, as infecções humanas com o clado da África Ocidental são menos graves em comparação com o clado da Bacia do Congo (África Central), que tem taxa de 10,6%. Os dados são da OMS.
Transmissão, sintomas e tratamento
A transmissão do vírus acontece por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. E, segundo o órgão de saúde, a transmissão de humano para humano ocorre entre pessoas em contato físico próximo com casos sintomáticos. O período de incubação da doença é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, segundo a OMS.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre os principais sintomas da doença está o aparecimento de feridas na pele, semelhantes a bolhas, chamadas na Medicina de pústulas. Outros sintomas incluem dor de cabeça, febre acima de 38,5°C, inchaço nos linfonodos, dores musculares, dor nas costas e fraqueza profunda.
Segundo o Instituto Butantan, a varíola dos macacos geralmente é autolimitada, ou seja, pode ser curada com o tempo e sem tratamento.
Fonte: RIC Mais
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